Crise climática: rios estão ficando alaranjados nos EUA
Um estudo do governo dos EUA observou um fenômeno que a crise climática causou em rios do Alaska, contabilizando mais de 70 cursos d’água que se tornaram alaranjados.
Publicado na revista , o estudo foi feito pelo órgão que monitora as mudanças climáticas no Ártico, formado por cinco parques do norte do Alaska, sendo os únicos parques nacionais dos EUA localizados no ártico.
O fenômeno dos rios alaranjados, se dá, portanto, à crise climática no Ártico, ocorrendo pelo derretimento do pergelissolo, a camada congelada do subsolo, que lançou altos níveis de metais tóxicos nas águas.
Os pesquisadores tiveram a ideia de fazer esse novo estudo após uma visita a um desses rios alaranjados em 2018, que apresentava uma coloração normal anteriormente. Imagens de satélites revelam que os rios alaranjados começaram a aparecer nos EUA em 2008. Um dos autores do estudo, Brett Poulin, ressalta que os rios precisam apresentar uma contaminação muito alta para que essa coloração seja visível do espaço.Contaminação dos rios pode aumentar nas próximas décadas
As análises químicas do estudo revelam que os rios apresentam altas taxas de zinco, níquel, cobre, cádmio e ferro. Os pesquisadores também descobriram que essas águas poluídas eram ácidas. Alguns riachos menores tinham um pH próximo de 2,3, o que corresponde ao índice de ácido do vinagre.
Assim como a alta concentração de metal nesses rios alaranjados, a acidez também é uma consequência do derretimento do pergelissolo. Conforme a crise climática vai causando o degelo do pergelissolo, minerais anteriormente selados foram expostos às chuvas pela primeira vez em milhares de anos. Essa exposição faz os minerais se dissolverem das rochas e entrarem nos riachos ao redor, desembocando, assim, em rios maiores.Os rios dessa região dos EUA não estão somente alaranjados, mas também cheios de minerais que colocam em risco a maioria da vida aquática. Os pesquisadores também alertam para o risco que essas águas contaminadas representam aos peixes em desova, que podem causar efeitos enormes na pesca dos EUA.
Os cientistas responsáveis pelo estudo planejam realizar testes ainda neste ano para determinar a dimensão do problema. No entanto, eles temem mais derretimento do pergelissolo, como consequência do recorde de calor no ano passado, possa ter lançado ainda mais metais nos rios. E a contaminação pode piorar ainda mais nas próximas décadas com o aumento das temperaturas.