Uma estrutura gigante nas profundezas da Oceania pode ser a maior cratera de impacto criada por um asteroide já encontrado na Terra, aponta um novo estudo. Estima-se que a cratera de Deniliquin, na Austrália, tenha 520 km de diâmetro — o que equivale a distância entre as cidades de São Paulo e Belo Horizonte.
Isso é quase 300 km a mais que a cratera de Vredefort, por exemplo, que até então era conhecida como a maior e mais antiga cratera de impacto já descoberta na Terra. Além disso, Deniliquin é quase três vezes maior que a cratera de Chicxulub, no México, relacionada à extinção dos dinossauros.
A revista publicou o estudo dos cientistas Tony Yates e André Glikson, da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália.
A estrutura Deniliquin provavelmente se formou na parte oriental do antigo continente Gondwana, segundo os pesquisadores. O grande continente foi formado há 1,6 bilhão de anos e incluía a maior parte das zonas de terra firme que hoje constituem os continentes do hemisfério sul.
O impacto que causou a cratera pode estar relacionado ao evento de extinção em massa conhecido como Ordoviciano-Siluriano. Nesse momento, cerca de 439 milhões de anos atrás, 86% da vida na Terra foi exterminada.
“Especificamente, acho que pode ter desencadeado o chamado estágio de glaciação Hirnantianaque, que durou entre 445,2 e 443,8 milhões de anos atrás”, afirma Glikson em um artigo no site .
Outras hipóteses para cratera na Austrália
Atualmente, a estrutura está enterrada, devido a erosão dos últimos milhões de anos. Porém, ela tem todas as características esperadas de um impacto de grande escala. Leituras magnéticas da região revelam um padrão de ondulação simétrico na crosta ao redor do núcleo da estrutura. Provavelmente, isso ocorreu durante o impacto, pois as temperaturas extremamente altas criaram intensas forças magnéticas.
Por outro lado, de acordo com a pesquisa, também é possível que a estrutura de Deniliquin seja mais antiga. Os cientistas também levantam a hipótese de que ela foi formada cerca de 514 milhões de anos atrás. Ou seja, muito tempo antes da extinção em massa mencionada acima.
Agora, o próximo passo será coletar amostras para determinar a idade exata da estrutura. Contudo, isso exigiria fazer um furo profundo em seu núcleo magnético e datar o material extraído.
“Esperamos que mais estudos sobre a estrutura do efeito de Deniliquin possam lançar luz sobre a idade da estrutura. Assim poderemos entender mais sobre a idade da própria Terra”, completa o pesquisador.