Covid-19 pode diminuir 3 pontos do QI dos infectados, diz estudo
Lentidão de raciocínio, falta de clareza em alguns pensamentos, dificuldade de concentração e falhas de memória. Esses são alguns dos sintomas que compõem a chamada névoa cerebral, consequência comum da Covid-19, que causou até perda de QI.
Cientistas buscam compreender qual a ação do SARS-CoV-2 no cérebro há cerca de quatro anos. Embora os danos causados pelo vírus ainda não estejam completamente explicados, muitos estudos sobre o tema avançaram o conhecimento na área.
Perda de QI
Agora, duas publicadas na revista mensuram a maneira como a Covid-19 afeta o sistema cognitivo e causa a névoa cerebral. De acordo com um dos estudos, mesmo a manifestação leve da doença diminui três pontos do QI dos infectados, em média.
Entre aqueles com sintomas persistentes, como a falta de ar ou fadiga mesmo após o final da infecção, o declínio cognitivo equivale a cerca de seis pontos no QI. Já aqueles que foram internados pela doença tiveram uma perda de nove pontos no QI.
Além disso, o estudo evidenciou que reinfeção pelo vírus contribuiu com uma perda adicional de dois pontos no QI. Eles notaram que o declínio cognitivo era comum tanto entre aquelas pessoas que contraíram a cepa original do vírus, quanto entre as que foram infectadas pelas variantes delta e ômicron.
A outra documentou uma piora de vários pontos na memória das pessoas em até 36 meses após eles testarem positivo para SARS-CoV-2.
Covid-19 e o cérebro
Estudos anteriores já evidenciaram os danos do SARS-CoV-2 ao cérebro para além da névoa cerebral. Uma pesquisa mostrou que, mesmo quando o vírus se manifesta de maneira leve e exclusivamente nos pulmões, ele ainda pode provocar inflamação no cérebro.
Com isso, prejudica também a capacidade das células cerebrais de se regenerarem. Ainda, essa inflamação pode causar do cérebro.
Entre as análises de cérebros de pessoas que faleceram por outras razões, mas haviam contraído a Covid-19 em algum momento, cientistas descobriram que o vírus ainda estava meses após a infecção.
Estudos de imagem mostram e do órgão após a infecção. Outros experimentos também demonstraram que a infecção pelo SARS-CoV-2 desencadeia a . Isso efetivamente interrompe a atividade elétrica do cérebro e compromete a função.
Além disso, um estudo que reuniu dados de quase um milhão de pessoas com Covid-19 mostrou que a doença aumentou o risco de desenvolvimento de demência em pessoas com mais de 60 anos de idade.
Impacto à saúde e gestão pública
Embora a ciência ainda explore a relação do coronavírus com o sistema cognitivo das pessoas, as evidências já existentes mostram que a Covid-19 representa um sério risco para a saúde cerebral.
Por exemplo, o QI médio geralmente é de cerca de 100 pontos. Quando abaixo de 70 pontos, a medida indica um nível de deficiência intelectual que pode requerer apoio profissional e da sociedade.
Por isso, analisando os dados obtidos nos estudos recentes, pesquisadores sugerem que a Covid-19 poderia aumentar em 2,8 milhões de pessoas o número de adultos com um nível de comprometimento cognitivo nos EUA.
Além da névoa cerebral, a COVID-19 pode levar a uma série de problemas, incluindo dores de cabeça, distúrbios convulsivos, derrames, problemas de sono e formigamento e paralisia dos nervos, bem como vários distúrbios de saúde mental.
Isso, por sua vez, pode demandar mais os sistemas de saúde, além de comprometer o desempenho das atividades econômicas da população mundial.