O coronavírus não mudou quase nada quando saiu dos morcegos para os humanos
Oscar MacLean, principal autor do artigo, ressalta que “isso não significa que nenhuma mudança ocorreu”, já que, assim como em outros vírus, “mutações sem importância evolutiva se acumulam e ‘surfam’ ao longo dos milhões de eventos de transmissão”. Uma alteração preocupante, por exemplo, é na proteína spike, que pode tornar a doença mais transmissível, conforme observamos com as novas variantes identificadas no Reino Unido e em Manaus.
Apesar desse maior índice de transmissibilidade ter gerado preocupação mais recentemente, a pesquisa mostra que essa tem sido uma característica notável do coronavírus desde o início. Sergei Ponde, coautor do estudo, explica que “geralmente, vírus que infectam uma nova espécie de hospedeiro levam algum tempo para adquirirem as adaptações necessárias para conseguirem se propagar tanto quanto o SARS-CoV-2, sendo que muitos deles não sobrevivem a esse processo, resultando em contaminações temporárias ou surtos localizados”.A análise dos processos de mutação revelou que a maioria das alterações significativas, que permitiram que o vírus “pulasse” mais facilmente de um hospedeiro a outro, ocorreu antes de ele começar a infectar humanos e outros mamíferos. Os cientistas acreditam que essas características provavelmente evoluíram quando a doença se limitava aos morcegos.
O estudo recente é mais um alerta sobre a importância de vacinar toda a população mundial o quanto antes. Afinal, quanto maior o número de hospedeiros disponíveis, maiores serão as oportunidades de o vírus mutar para driblar até mesmo a proteção oferecida pelas vacinas atuais. Conforme aponta David Robertson, do Centro de Pesquisa sobre Vírus da Universidade de Glasgow e um dos principais autores do estudo, em comunicado, “a primeira corrida foi desenvolver uma vacina. A corrida agora é vacinar toda a população mundial o mais rápido possível”.
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