Coronavírus faz Samsung e Motorola reduzirem produção no Brasil por falta de peças da China

Produção nacional de smartphones começa a ser afetada pelo coronavírus; fábricas da Motorola e da Samsung fream produção por falta de peças da China.
Moto G8 Play
Smartphone Moto G8 Play. Crédito: Guilherme Tagiaroli/Gizmodo Brasil

Recentemente, a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), entidade que representa fabricantes de eletroeletrônicos no Brasil, alertava que o coronavírus poderia prejudicar a produção local de eletroeletrônicos, pois o País importa muitos componentes da China. Nesta sexta-feira (14), começamos a saber dos primeiros sinais disso.

No caso, a Flextronics, que fabrica aparelhos da Motorola em Jaguariúna (SP), e a fábrica da Samsung em Campinas (SP) estão dando uma freada na produção por causa dos problemas logísticos relacionados ao coronavírus.

Sobre a Flextronics, contatamos José Francisco Salvino, presidente do sindicato de Jaguariúna e região, que nos disse que “vários componentes vêm diretamente da China e, por conta da doença, os itens não estão chegando ao Brasil para que os aparelhos sejam produzidos”. Como consequência, disse, “a fabricante decidiu dar dez dias de férias coletivas para os trabalhadores”.

Já a fábrica da marca sul-coreana resolveu adotar uma estratégia diferente. Conforme informa o , o sindicato local negociou a redução dos dias de trabalho em apenas três nesta semana, portanto de quarta (12) até esta sexta-feira (14). Estes dias devem ser posteriormente compensados.

Questionamos as marcas sobre a situação nas fábricas, e elas pediram para procurarmos a Abinee. Por sua vez, a entidade disse que “não responde por situações específicas de empresas”.

Num primeiro momento, não há notícia sobre problemas com estoque de smartphones. No entanto, esta questão levanta a bola para a dependência da indústria local do que é fabricado na China.

Em um levantamento da Abinee, a entidade informou que 42% das importações de componentes de eletroeletrônicos de 2019 vieram da China. A segunda maior fatia, 38%, vem de outros países asiáticos fora a China. Então, de forma bem resumida, 80% dos componentes usados em eletroeletrônicos fabricados no Brasil em 2019 foram importados da região em que o coronavírus mais se espalhou.

Ainda na semana passada, a própria Abinee, em um levantamento entre 50 associados, disse que 25 empresas tinham dito que seriam afetadas pela falta de insumos vindos da China, e que a paralisação de produção poderia ser cogitada pelas fabricantes nacionais.

Não deu outra: em menos de uma semana já começamos a ouvir os primeiros relatos sobre problemas de produção na indústria nacional. Sobre as fabricantes que disseram que ainda não tinham sentido o efeito, a Abinee diz que as respondentes afirmaram que se a situação não normalizasse em 20 dias, seria difícil manter o ritmo atual de produção nos próximos meses.

Por ora, não temos casos de coronavírus no Brasil. No entanto, a doença não mostra sinais de que está diminuindo o nível de contágios. Nesta sexta-feira (14), já temos notícia de quase 1.500 mortos pela doença no mundo todo, e dezenas de milhares de infectados.

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