O parlamento da Coreia do Sul aprovou na terça-feira (9) uma lei que proíbe a criação, abate e venda de carne cachorro para consumo humano — encerrando, assim, uma tradição que já vinha perdendo popularidade no país.
Agora, é proibido utilizar e vender itens alimentícios contendo ingredientes derivados de carne de cachorro, com o risco de penas de até três anos de reclusão e multas que ultrapassam R$ 100 mil.
Além disso, a lei também impõe sanções a quem se envolver na criação e distribuição de carnes de cachorro, embora sejam menos severa. Os consumidores de carne de cachorro, no entanto, não serão alvos das punições legais. A nova lei mira os agentes da indústria de consumo de carne de cachorro, incluindo criadores e vendedores.
A lei teve apoio tanto do partido governista quanto da oposição, algo notável durante um momento de polarização política do país.
Para dar fim à indústria de consumo da carne de cachorro, a lei concede um período de três anos de adaptação para profissionais, como donos de fazendas de criação de cães para abate e de restaurantes. Durante essa fase, as autoridades da Coreia do Sul vão ajudar esses empresários a encontrar novos empreendimentos.
Mesmo aguardando a aprovação do presidente Yoon Suk Yeol, a lei foi motivo de protestos por parte dos profissionais da indústria de carne de cachorros da Coreia do Sul.
Os fazendeiros, donos de restaurantes, vendedores e outros operadores, enxergam a lei como uma ameaça não somente econômica, mas também cultural. Atualmente, a Coreia do Sul tem cerca de 1.100 fazendas para criação e abate de cães, de acordo com o Ministério da Agricultura.
Proibição põe fim à tradição coreana
Tradicionalmente, a carne de cachorro, ingrediente de pratos típicos como o “bosintang” era uma opção mais frequente na Coreia do Sul, especialmente no período pós-Guerra da Coreia, quando os recursos eram limitados. Contudo, o hábito de comer carne de cachorro diminuiu nas últimas décadas devido ao desenvolvimento econômico do país.
Essa mudança no mindset da população é evidente entre a população de jovens e adultos do país. Segundo a , 93% dos adultos da Coreia do Sul não tem interesse em comer carne de cachorro, e 82% são a favor da proibição.
Chae Jung-ah, diretora da Humane Society International Korea, destacou o aspecto histórico dessa mudança, que aponta para uma transformação no comportamento da sociedade em relação ao consumo de carne de cachorro.
Agora, a Coreia do Sul se alinha a outras regiões que já proíbem o comércio de carne de cachorro. Hong Kong, Índia, Filipinas, Singapura, Taiwan e Tailândia são alguns dos países que proibiram o consumo da carne de cachorro. Por outro lado, outros países da Ásia, como Camboja, Indonésia e Vietnã, continuam permitindo o consumo.