O que achamos que sabemos sobre o coronavírus ainda pode mudar
Descobertas científicas e avanços na medicina são lentos e confusos. Com uma pandemia sem precedentes, isso não seria diferente.
Com novas informações sobre o novo coronavírus chegando a todo momento, é perfeitamente compreensível se sentir confuso e ansioso. Com isso em mente, aqui está um mantra que tenho repetido há quase três meses: o que achamos que sabemos sobre a covid-19 continuarão mudando, e tudo bem.
Se eu tivesse que resumir pelo menos algumas suposições de especialistas sobre o novo coronavírus, conhecido oficialmente como SARS-CoV-2, feitas entre janeiro e início de março deste ano, esta seria minha pequena lista:
- O vírus veio de uma cobra.
- Não é tão comum que uma pessoa sem sintomas transmita o vírus.
- Usar uma máscara facial (se você não é um profissional de saúde) não é muito útil.
- É provável que os jovens não sofram com a doença.
- O vírus é estranhamente semelhante ao HIV e pode até ter vindo de um laboratório.
Neste momento, quase todas estas ideias foram derrubadas ou, no mínimo, bastante questionadas.
- O estudo inicial que vinculou a origem do vírus às cobras foi rapidamente criticado por outros pesquisadores.
- Vários estudos agora deixaram claro que pessoas que ainda não têm sintomas ou ainda não estão doentes podem espalhar o vírus e até ser os principais responsáveis por surtos.
- Dada essa realidade, é que o uso difundido de máscaras faciais em lugares como Hong Kong tenha ajudado a impedir que o surto ficasse fora de controle no país.
- Enquanto isso, na Itália, na França e nos EUA, uma porcentagem substancial de casos hospitalizados graves envolve pessoas entre 20 e 55 anos, e algumas já morreram por causa disso.
- E não, o HIV e o SARS-CoV-2 , e esse novo vírus .
Às vezes, a conclusão de um estudo individual é errada. Mais raramente, muitos estudos que apoiam essa mesma conclusão acabam errados. Outras vezes, a conclusão pode estar até certa, mas as — o problema com as pessoas que compraram um monte de máscaras pode não ser que elas não funcionem, mas que nossos hospitais e profissionais de saúde precisem delas mais do que o restante da população.
Toda essa incerteza é naturalmente estressante. As pessoas querem saber o quão contagioso e mortal é esse vírus, quem está em maior risco, como ele pode ser tratado e quando haverá uma vacina, e elas querem saber agora. Quando os cientistas dizem que não têm certeza de algo, as pessoas podem ficar à mercê de golpistas e pessoas mal-intencionadas que afirmam ter respostas concretas.
A solução não é descartar todos os pontos de vista de especialistas ou escolher os dados que mais se adequam às suas próprias opiniões. Em vez disso, você deve manter a mente aberta para qualquer pesquisa, mas manter a noção de que o que parece ser verdade agora pode mudar à medida que mais dados são coletados. Você também pode se lembrar de que, quanto mais estudos existem que nos dizem a mesma coisa, mais provável que isso seja verdade.
Mesmo assim, geralmente é melhor errar por precaução. O coronavírus pode permanecer no ar e continuar infeccioso por até meia hora? Mas essa incerteza é mais uma razão para praticar o distanciamento social, como muitos especialistas dizem que devemos fazer no futuro próximo.