A r é a mais nova plataforma a ser alçada como alternativa ao Twitter depois da compra de Elon Musk. A ferramenta se vende não como uma mídia social, mas sim como um “protocolo descentralizado”.
“Nostr” é uma sigla para “notas e outras coisas transmitidas por retransmissores” em inglês. Esses retransmissores são servidores que podem ser executados por qualquer pessoa. Isso significa que a rede não depende de um servidor central e permite que usuários troquem mensagens assinadas pelos servidores independentes, sem perdas na comunicação.
O protocolo se parece com a web (HTTP/S) e o e-mail (IMAP/SMTP), exceto pelo fato de que ali podem entrar aplicações parecidas com o Twitter, com linha do tempo e mensagens diretas, assim como e , por exemplo.
O espaço foi criado para que desenvolvedores possam produzir qualquer tipo de aplicativo – incluindo redes sociais. Até agora, o mais comum era que apenas a comunidade mais assídua da web3 usasse o protocolo. Mas tudo mudou com um tuíte do ex-CEO do Twitter, Jack Dorsey, em dezembro.
Ele que doou 14 bitcoins – pouco mais de US$ 250 mil – para @fiatjaf, o fundador anônimo do Nostr.
figured it out. funding deployed to @fiatjaf
— jack (@jack)
Ainda que existam outras redes descentralizadas por aí (como o Mastodon, por exemplo), @fiatjaf se diz resistente à censura e afirma que criou o Nostr para facilitar a transição entre uma rede e outra.
Segundo ele, mesmo no Mastodon os usuários estão sujeitos às regras dos anfitriões ou criadores dos servidores. O fundador também defende que a identidade das pessoas deve existir independentemente dos aplicativos na internet.
Isso significa que, se alguém quer sair do Twitter e migrar para o Instagram, por exemplo, deve ser capaz de fazer isso sem precisar criar um perfil do zero ou correr o risco de perder sua rede.
Um mesmo perfil para tudo
Assim, o Nostr possibilita que os usuários criem um perfil único. Ele consiste em uma chave de 63 caracteres de uma sequência misteriosa de números e letras. Com esse “login”, todos podem entrar em qualquer um dos aplicativos que operam dentro do protocolo.
É essa mesma chave que vai aparecer quando o usuário publicar uma nota. Em resumo, todos têm duas chaves, uma pública e uma privada, para mensagens seguras. Para falar com todos, basta ativar todos os retransmissores e buscar as atualizações mais recentes.
Por isso, censurar alguma mensagem pode ser complexo: como a plataforma dá a opção de salvar as mensagens em infinitos retransmissores, os aplicativos procuram as mensagens em vários locais ao mesmo tempo.
Além disso, os apps não passam de interfaces para mostrar essas mensagens. Ou seja, os aplicativos podem se destacar na análise e listagem das mensagens, mas não controlam dados ou a identidade dos usuários.
Além disso, é possível entrar em qualquer aplicação com um único par de chaves, sem precisar de registro – o que torna o rastreamento ainda mais difícil.
Rede em “nós”
Diferente de outras redes convencionais, a estrutura do Nostr se baseia em “relays”, como se fossem pontos amarrados na rede de uma ponta à outra. “Os relays permitem que aplicações enviem mensagens e podem (ou não) armazenar essas mensagens e distribuí-las a outros clientes conectados”, diz o tutorial interativo .
Ao clicar em , o site mostra os relays ativos em tempo real, local de origem e latência. O maior número de relays está nos EUA e na Europa. Enquanto escrevia esta reportagem, apenas um parecia ativo no Brasil.
Como entrar no Nostr
Certamente não é a tarefa mais simples. A forma mais fácil é por meio da , o que já dificulta o caminho para boa parte das pessoas. Como já dissemos, são duas chaves com letras e números:
- Chave privada: funciona como uma senha para logar nos apps. É importante guardá-la bem porque, se perder, não será possível recuperar a conta. Além disso, se alguém descobrir poderá facilmente assumir a sua identidade e não será possível reverter isso. Com uma dessas, é possível logar e navegar por qualquer app.
- Chave pública: é o equivalente ao @nomedeusuario nas redes sociais. Atenção: quando compartilhamos o perfil, não enviamos o arroba, mas a chave pública.
Estima-se que o Nostr já possua mais de 300 mil identidades únicas, incluindo Dorsey e Edward Snowden. O analista responsável pelo vazamento WikiLeaks tem incentivado seus seguidores a migrarem para a rede.
. really shouldn't be fighting , since it's just about the only thing that can save his business.
The fate of the old platform model over the next decade is clear. (cf. Daniel 5:5)
— Edward Snowden (@Snowden)
Também é possível entrar no Nostr pelos “clientes” do protocolo. São eles:
- : a mais popular atualmente, lançada na Apple Store em 31 de janeiro
- : disponível na Play Store
O protocolo tem compatibilidade com o Lightning Protocol, plataforma que permite micropagamentos em Bitcoin. Para ver outras aplicações, acesse o ou .