Os olhos dos curiosos pelo Universo estão voltados para o Eclipse Total do Sol que acontece nesta segunda-feira (8). Nele, a Lua ficará posicionada entre a Terra e o Sol, cobrindo exatamente e temporariamente a grande estrela de nosso Sistema Solar.
Para as pessoas que estão em algum lugar na América do Norte — em partes dos Estados Unidos, do México e do Canadá, de onde o eclipse será visível — isso significa ficar alguns minutos sem a luz do sol.
Embora o eclipse total do Sol que acontece hoje não seja visível do Brasil, é possível acompanhar o fenômeno online. Aqui, o Giz Brasil deu algumas das opções de como assistir o astro rei ser coberto pela Lua.
Mas esta não é a primeira vez que um eclipse solar acontece – e não será a última. Muitas vezes a Lua encobriu parcial ou completamente o Sol e, abaixo, você pode conferir aquelas mais marcantes ao longo da história.
1. Eclipse solar na Bíblia
Um dos registros mais antigos de um eclipse solar é o do ano de 1207 a.C – há tanto tempo que é citado, até mesmo, na Bíblia. Este foi um eclipse solar anular — aquele que acontece quando a lua se alinha ao sol, deixando um anel de luz. Por isso, pessoas chamam o fenômeno de “anel de fogo“.
De acordo com o que está escrito no Antigo Testamento, ele teria acontecido no meio da tarde de 30 de outubro de 1207 a.C.
Então Josué falou ao Senhor, no dia em que o Senhor entregou os amorreus na mão dos filhos de Israel, e disse na presença de Israel:
Sol, detém-se sobre Gibeão, e tu, Lua, sobre o Vale de Aijalom.
E o Sol se deteve, e a Lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos.
Não está isto escrito no livro de Jasar? O Sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro.
Livro de Josué (10:12-14)
O físico Colin Humphreys e o astrofísico Graeme Waddington foram os cientistas que interpretaram a passagem da Bíblia.
2. Fim de uma guerra e início da ciência
Era 28 de maio de 585 a.C., em um campo de batalha montado no Planalto da Anatólia Oriental (atual Turquia), o dia escureceu. Um eclipse total do Sol fez o dia virar noite e deixou os povos rivais de Lídios e Medos assustados, de forma que colocaram fim à guerra que travavam há cinco anos.
Sem conseguir entender o que tinha acontecido, ambas civilizações acreditaram que o eclipse era, na verdade, um sinal dos deuses. Por isso, entraram em acordo imediatamente.
De acordo com escritos de historiadores e filósofos antigos, Tales de Mileto previu este mesmo eclipse solar. Astrônomo, matemático, engenheiro e comerciante, Mileto era apaixonado pelo céu.
Não se sabe ao certo como ele conseguiu prever o fenômeno, mas especialistas acreditam que pode ser pela análise dos ciclos entre os eclipses ou pela predição das posições da Lua e do Sol no céu.
Dessa forma, ele sabia que o eclipse não era algo místico, mas sim natural. E, com isso, abriu as portas para explicações científicas dos acontecimentos da natureza.
Até hoje, este é considerado um dos eclipses mais importantes que já aconteceram. Para muitos, além de encerrar uma guerra, foi também o que marcou o nascimento da ciência.
3. A descoberta do elemento hélio
Antes mesmo de detectarem a presença de hélio na Terra, cientistas identificaram o segundo elemento mais abundante do Universo na atmosfera do Sol. E isso aconteceu durante um eclipse.
Em 1868, enquanto a Lua cobria parte do Sol, o astrônomo francês Jules Janssen utilizou um prisma para observar o fenômeno. Na cromosfera do astro rei, ele notou uma faixa de luz que correspondia a uma linha amarela no espectro solar.
Janssen conclui que a coloração provavelmente era de algum elemento ainda desconhecido, ao qual ele nomeou de hélio — palavra grega que significa “Sol”. Cerca de 10 anos, cientistas descobriram o mesmo composto também na Terra.
Atualmente, sabe-se que esse elemento químico está presente em cerca de 24% da massa dos astros no Universo observável.
4. Experimentos de Thomas Edison
Em 1878, outro eclipse solar entrou para a história. Desta vez, o inventor norte-americano Thomas Edison (aquele da lâmpada) queria aproveitar o fenômeno para estudar a coroa do sol, que é a pequena camada que envolve a estrela.
Para isso, ele viajou para Wyoming, nos EUA, e implementou uma de suas novas invenções: uma máquina sensível ao calor, instalando-a em um galinheiro. A ideia era que captasse informações sobre a estrela. Contudo, quando a Lua encobriu o Sol e a luz sumiu por uns minutos, as galinhas que ali estavam se assustaram e movimentaram a invenção de Edison. Dessa forma, o experimento não teve sucesso.
5. Comprovação da Teoria da Relatividade
Em maio de 1919, um eclipse total do sol foi visto no céu de , no Ceará. Mas este não foi um fenômeno como os outros. Na cidade nordestina, havia um grupo de pesquisadores brasileiros e britânicos que queriam aproveitar a obstrução da luz solar para comprovar o modelo de Albert Einstein sobre o Universo.
De acordo com a Teoria da Relatividade, tempo e espaço formam um único tecido que pode ser distorcido pela gravidade. O modelo de Einstein dizia que, quando os fótons (as partículas de luz) passavam por regiões distorcidas por um grande corpo (como o Sol, por exemplo), a luz também era desviada.
Então, em maio de 1919, a luz do Sol sumiu por cinco minutos e treze segundos. Durante esse período, os cientistas observaram e fotografaram as estrelas que estavam em posições próximas ao astro rei e, portanto, seus raios atravessavam o campo gravitacional solar.
Como parte do experimento, mais fotos foram tiradas meses depois, sem a interferência de um eclipse. A ideia era comparar as imagens nos dois momentos, analisando as mudanças nos raios das estrelas vizinhas do Sol.
De acordo com a Teoria da Relatividade de Einstein, a comparação deveria revelar uma diferença de 1,75 segundo de arco. E, com os registros do eclipse solar total de Sobral, cientistas britânicos confirmaram que o famoso cientista alemão estava certo. Aliás, este eclipse foi tão importante que Einstein chegou a visitar o Brasil.