Depois do reconhecimento do curso de influenciador digital pelo MEC (Ministério da Educação), outra novidade vem para aprimorar a profissão de creator. No mês da mulher, as CEOs da plataforma de entretenimento para a geração Z “Nice House”, Mari Galindo, e a CEO da empresa de tecnologia focada em Compliance e Recursos Humanos “Safe Space”, Rafaela Frankenthal, se reuniram para lançar o primeiro compliance para influenciadores digitais no Brasil.
Informalidade prejudica segurança de influenciadores
Através de um software de gestão de conduta, com canal de escuta e treinamentos de ética e inclusão, a parceria pretende tornar a profissão de criadores e conteúdo mais segura. Isso porque, devido à informalidade da função, muitas vezes não há como denunciar situações de assédio, por exemplo. Portanto, a ideia é tornar o ambiente digitais mais seguro para todos.
Mari Galindo explica a importância da ação:
“A indústria de creator economy, principalmente a parte de criadores de conteúdo, é muito informal […] E a gente entende que esse ambiente um pouco mais desestruturado também permite determinadas práticas que passam ilesas, porque a pessoa tem vergonha ou nunca vai denunciar, porque tem medo de não receber mais job”.
Compliance para influenciadores vai relatar más-condutas
Na prática, o software permite que os influencers relatem situações de má-conduta por parte de contratantes e até de outros criadores. Além disso, a denúncia é feita de forma sigilosa. A iniciativa é pioneira, já que até então não havia com nenhum processo semelhante formalizado no Brasil para o mercado de Creator Economy.
“A inteligência da plataforma conversa com a pessoa para que ela passe todas as informações necessárias para tocar uma apuração […]”, explica Rafaela. “E aí ela vai continuar conversando ali com a pessoa responsável pela apuração do caso, de forma totalmente anônima se ela quiser. Então, ela tem um código que é gerado de forma randômica, que ela usa para acompanhar o status daquele relato, e ela vai seguindo no processo até que a empresa tome uma decisão e aplique uma medida corretiva”, complementa.
Como os contratantes podem proteger seus influenciadores
Já para as empresas, a plataforma ajuda a prevenir situações de má conduta. “Ela começa a ter capacidade de mapear quais são as causas estruturais por trás dos problemas que vão aparecer. Então é muito comum que um problema tenha relação com o outro. E aí você dá embasamento para a empresa criar medidas de prevenção, como por exemplo, treinamento, mudança de liderança, enfim”, explica Rafaela.
Os treinamentos, aliás, podem ser disponibilizados através do próprio software. “Os clientes vão ativar quais funcionalidades do software eles vão usar. Então, tem a parte de treinamento, que por exemplo, são no formato assíncrono, onde as pessoas consomem ali temas relacionados à ética e inclusão. Então treinamento anti-assédio, anti-discriminação…”, exemplifica.
Sigilo na denúncia no compliance para influenciadores
Mari ressalta que o relato é analisado por pessoas “que não são as pessoas envolvidas” com o que se está relatando, o que é feito de forma jurídica. “No caso da Nice, a gente optou por colocar pessoas realmente que não estão dentro da operação no dia a dia, lidando principalmente com os criadores de conteúdo”, diz.
“Ou seja, eu sou fundadora e tenho um outro sócio fundador também, eu não quero que a gente seja o último dessa linha, porque a gente também pode praticar alguma coisa errada e a gente não quer inibir que a pessoa utilize o software e faça esse relato”, acrescenta.
A Nice House trabalha com iniciativas de profissionalização dos criadores de conteúdo, como campanhas publicitárias, por exemplo. Já a plataforma da SafeHouse atende mais de 200 empresas em 7 países, com clientes de setores e portes variados, como CNA, Loggi e Adcos.