Texto: Benjamin Roulston /
O planeta Júpiter não tem base sólida – nenhuma superfície, como a grama ou a terra que pisamos aqui na Terra. Não há nada sobre o qual caminhar e nenhum lugar para pousar uma nave espacial.
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Mas como pode ser assim? Se Júpiter não tem uma superfície, o que ele tem? Como pode se manter unido?
Mesmo sendo um que estuda todos os tipos de fenômenos incomuns, percebo que o conceito de um mundo sem superfície é difícil de entender. No entanto, muito sobre Júpiter continua sendo um mistério, mesmo quando a sonda robótica Juno, da NASA, .
Primeiro, alguns fatos
Júpiter, o quinto planeta a partir do Sol, está localizado entre Marte e Saturno. É o maior do sistema solar, grande o suficiente para que mais de .
Enquanto os quatro planetas internos do sistema solar – Mercúrio, Vênus, Terra e Marte – são todos feitos de material sólido e rochoso, Júpiter com uma composição similar à do Sol; é uma bola de gás turbulenta, tempestuosa e agitada. Alguns lugares em Júpiter têm ventos de mais de 400 mph (400 milhas por hora, equivalente a cerca de 640 quilômetros por hora), em torno de três vezes mais rápido do que um furacão de categoria 5 na Terra.
Uma foto do hemisfério sul de Júpiter, tirada pela sonda espacial Juno, da NASA, em 2017. NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS/Gerald Eichstadt/Sean Doran
Em busca de terra firme
Começando do topo da atmosfera da Terra e descendo a cerca de 60 milhas (aproximadamente 100 quilômetros), . Por fim, uma nave atinge a superfície da Terra, seja solo ou água.
Compare isso com Júpiter: começando perto do topo de sua atmosfera composta majoritariamente de hidrogênio e hélio, a pressão aumenta à medida que se desce, como acontece na Terra. A diferença é que, em Júpiter, .
À medida que as camadas de gás acima empurram a nave para baixo mais e mais, é como estar no fundo do oceano – porém, em vez de água, você está cercado por gás. A pressão se torna tão violenta que o corpo humano implodiria; ou seria esmagado.
Ao descer 1.000 milhas (1.600 quilômetros), o gás quente e denso começa a se comportar estranhamente. Eventualmente, se transforma em uma forma de hidrogênio líquido, criando o que pode ser considerado o maior oceano do sistema solar, mas sem um pingo de água.
Abaixo mais 20.000 milhas (cerca de 32.000 quilômetros), o hidrogênio se torna mais parecido com metal líquido fluido, tão exótico que só recentemente, e com grande dificuldade, os cientistas . Os átomos deste hidrogênio metálico líquido são comprimidos tão firmemente que seus elétrons .
Tenha em mente que essas transições de camada são graduais, não abruptas; a transição do gás hidrogênio normal para a forma líquida e, depois, para a metálica ocorre de forma lenta e suave. Em nenhum ponto há um limite nítido, material sólido ou superfície.
Uma ilustração das camadas interiores de Júpiter. Uma barra é aproximadamente igual à pressão do ar ao nível do mar na Terra. NASA/JPL-Caltech
Assustador até a medula
Por fim, o núcleo de Júpiter – a região central do interior. Não deve ser confundida com uma superfície.
Os cientistas ainda estão debatendo a . O modelo mais aceito: não é sólido como uma rocha, mas parece uma mistura quente, densa e possivelmente metálica de líquido e sólido.
Neste lugar, a pressão é tão intensa que seria como se — ou dois edifícios Empire State sobre cada centímetro quadrado do seu corpo.
A pressão, entretanto, não seria o único problema. Uma nave espacial que tentasse alcançar o núcleo de Júpiter seria derretida pelo calor extremo – 35.000 graus Fahrenheit (20.000 graus Celsius). Isso é três vezes mais quente que a superfície do Sol.
Uma imagem tirada de Júpiter pela Voyager 1. Observe a Grande Mancha Vermelha, uma tempestade grande o suficiente para conter três Terras. NASA/JPL
Júpiter ajuda a Terra
Júpiter é um lugar estranho e proibitivo. Porém, se não estivesse por perto, é possível que os seres humanos não existissem.
Isso, porque ele atua como um escudo para os planetas internos do sistema solar, incluindo a Terra. Com sua enorme atração gravitacional, Júpiter alterou a por bilhões de anos.
Sem a intervenção deste imenso planeta, alguns desses detritos espaciais poderiam ter colidido com a Terra. Se houvesse uma colisão cataclísmica, poderia ter causado um evento de nível de extinção como .
Talvez Júpiter tenha ajudado a nossa existência, mas o planeta em si é extraordinariamente inóspito à vida – pelo menos, como a conhecemos.
O mesmo não acontece com uma lua de Júpiter, Europa (umas das 79 luas do planeta gasoso), talvez nossa melhor chance de encontrar .
A sonda robótica Europa Clipper, da NASA, , está programada para fazer cerca de 50 sobrevoos naquela lua para .
Poderia haver algo vivo na água de Europa? Os cientistas não saberão por um tempo. Devido à distância de Júpiter em relação à Terra, a sonda não chegará até abril de 2030.
Este artigo foi originalmente publicado em