Como a tecnologia está ajudando no estudo de múmias
No passado, era comum que os arqueólogos desembrulhassem as múmias a fim de investigá-las mais profundamente. Mas a atitude colocava o objeto de estudo em perigo, expondo-o ao ar e umidade.
Além disso, as múmias podem ficar presas nos sarcófagos ou mesmo com o tecido mole grudado nas bandagens. Ao puxar as fitas de forma inadequada, corre-se o risco de causar danos irreversíveis nos restos mortais.
Mas a , aplicada nas pesquisas atuais, permite que os cientistas estudem as múmias sem prejudicá-las. Veja alguns exemplos:
Amenhotep I
A tomografia computadorizada permitiu aos arqueólogos estudar o faraó Amenhotep I, que morreu há 3.500 anos. A análise mostrou que o governante tinha queixo estreito, nariz pequeno, dentes superiores levemente protuberantes, cabelos cacheados e finos.
Além disso, as imagens mostram que o egípcio não possuía doenças físicas e não apresentava ferimentos aparentes. Isso cria um mistério sobre sua morte, já que Amenhotep I morreu consideravelmente cedo, aos 35 anos.
Menino ou menina?
No caixão encontrado por cientistas, estava o nome de Hor-Djehuty, um sacerdote do sexo masculino que viveu entre 100 a.C. e 100 d.C. Porém, ao analisar o conteúdo, os pesquisadores encontraram vestígios de tecido mamário, sugerindo que aquele era um corpo feminino.
E não parava por aí: a mulher levava ainda um feto em seu ventre. Os ossos do bebê não apareciam, já que foram provavelmente dissolvidos pelos fluidos de embalsamento. Porém, a tecnologia capturou seus tecidos moles. Graças a tomografia, os cientistas descobriram a primeira múmia grávida da história.
Voz do além
O sacerdote egípcio Nesyamun morreu por volta de 1.100 a.C. Para a felicidade dos pesquisadores, sua garganta e boca foram notavelmente bem preservadas durante estes 3 mil anos.
Então, os cientistas realizaram a impressão em 3D de um molde do trato vocal da múmia. Assim, conseguiram reproduzir o que seria o som de sua voz.
Medicina do passado
A tomografia computadorizada 3D forneceu pistas sobre os curativos do passado. Uma múmia infantil de 2 mil anos levava um curioso embrulho em seu pé.
Após análises, os cientistas perceberam que as faixas guardavam uma ferida infectada. Essa foi a primeira evidência de que os egípcios tinham conhecimento mais amplo sobre o tratamento de machucados.
Animais mumificados
Cerca de 70 milhões de animais foram embalsamados pelos antigos egípcios. Dois deles, uma cobra e um gato, foram descritos em um estudo de 2020.
A cobra ainda não havia atingido a maturidade. Ela parece ter sido utilizada como um chicote, indo a óbito após os repetidos choques com o chão. O réptil foi enterrado com a boca aberta – um ritual que permitiria a múmia comer, respirar e desfrutar das oferendas.
O gato, por sua vez, morreu aos 5 meses de idade. Os ossos de seu pescoço foram violentamente separados, sugerindo que o felino foi estrangulado antes da morte ou teve seu pescoço quebrado após o óbito.