Pesquisadores dos Estados Unidos partiram de um senso comum para iniciar um novo estudo sobre os efeitos da cannabis. Em experimentos com ratos de laboratórios, eles buscaram compreender como a substância causa o aumento de apetite. A famosa “larica”, em linguajar mais chulo.
O termo é utilizado para dar nome a uma fome repentina, comum após entre os usuários após o consumo da substância. Geralmente, esse tipo de apetite surge com foco em alimentos gordurosos e calóricos.
“Os efeitos de promoção de apetite da cannabis sativa são reconhecidos há séculos; no entanto, surpreendentemente, os mecanismos biológicos que subjazem a esse processo permaneceram em grande parte desconhecidos”, escreveram os autores do estudo.
Agora, os pesquisadores encontraram evidências de como a substância desencadeia a fome por meio da ativação de neurônios específicos.
O estudo recebeu apoio de departamentos e órgãos de controle do abuso de drogas nos EUA. Os resultados foram publicados recentemente na revista .
Neurônios e receptores ativados
Na tentativa de imitar como a cannabis é usada por humanos, os pesquisadores aplicaram a substância em forma de vapor. Até então, outros estudos foram feitos injetando nos ratos participantes apenas o THC, um dos compostos da cannabis.
Primeiramente, os pesquisadores analisaram as imagens cerebrais dos ratos após a exposição à substância.
Assim, eles perceberam que neurônios específicos do hipotálamo eram ativados pela cannabis quando os animais antecipavam e também enquanto consumiam alimentos considerados palatáveis.
Entre aqueles ratos que não receberam vaporização de cannabis, isso não acontecia. Além disso, os pesquisadores também puderam determinar qual receptor controlava essa atividade: o receptor cannabinoide-1, um alvo conhecido da cannabis no organismo.
De modo geral, o consumo da substância ativa esse receptor, que acaba estimulando a atividade de um grupo de neurônios chamados de Proteína Relacionada com Agouti. A partir dessa informação, eles fizeram um experimento.
Utilizando uma técnica quimogenética, eles testaram “desligar” esses neurônios. Assim, quando os ratos de laboratório foram novamente expostos à cannabis vaporizada, os pesquisadores notaram que a substância não estimulou mais a fome.
“Agora sabemos uma das maneiras como o cérebro responde à cannabis recreativa para promover o apetite”, disse Jon Davis, autor do estudo.
Com essas informações, os pesquisadores esperam abrir caminho para o desenvolvimento de tratamentos para distúrbios de apetite — tanto a falta quanto o excesso. Por exemplo, para acompanhar pacientes com anorexia e também com obesidade.