Ciência

Como 2,5 milhões de pessoas sobrevivem no deserto do Saara?

Apesar de inóspito, o deserto é lar de comunidades nômades, que dominaram o estilo de vida extremo do Saara; veja como sobrevivem
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

Com temperaturas que podem ultrapassar 50°C durante o dia para depois cair quase ao ponto de congelamento à noite, o Saara é uma terra de contrastes extremos. Ainda assim, há cerca de 2,5 milhões de pessoas vivendo por lá. 

Como isso é possível

Em geral, os registros indicam que humanos habitam o deserto há milhares de anos. Arqueólogos já encontraram pinturas rupestres com mais de 10 mil anos de idade, retratando uma paisagem muito mais verde com abundante vida selvagem.

As pessoas que vivem por lá são parte de comunidades nômades tradicionais, que seguem esse estilo de vida há diversas gerações. Por exemplo, os Tuaregues, os Berberes e outras comunidades tribais se adaptaram à vida no deserto ao longo dos séculos.

Eles se mudam de região para região entre os 9 milhões de quilômetros quadrados do Saara, que se estendem do norte da África, passam pelo Mar Vermelho, a leste, e vão até o Oceano Atlântico, a oeste.

Dessa forma, apesar das condições climáticas severas, o deserto abriga uma paisagem complexa. Além das dunas de areia, há também planaltos rochosos, salinas e ecossistemas de oásis ocasionais, onde há água subterrânea ou rios.

As estrelas guiam

Com seu estilo de vida nômade, os habitantes do dominaram a arte de navegar por essas paisagens — muitas vezes usando as estrelas como orientação. Assim, eles sabem para onde direcionar as comunidades em cada período do ano. 

Para conseguirem se alimentar, os nômades também criam animais que se adequam bem ao ambiente desértico, como camelos, cabras ou ovelhas, de forma que possuem carne e laticínios em seu rebanho.

Além disso, a dieta deles também contém tâmaras e outros alimentos disponíveis localmente. Quando estão em regiões de oásis, também praticam a agricultura nas terras férteis.  

Em complemento, as comunidades do Saara usam roupas largas e de cores claras. Dessa forma, as vestimentas refletem os raios do sol e cobrem seus corpos completamente, evitando que eles percam água. 

A ameaça das mudanças climáticas

Embora eles tenham se adaptado ao ambiente, agora enfrentam novos desafios: o aumento das temperaturas e dos padrões climáticos influenciam seu estilo de vida. 

A mudança nos ciclos de chuva prejudica não só as pessoas que vivem por lá, como também os animais e plantas que já se adaptaram ao deserto. 

Como resultado, o Saara está se expandindo. Mais terras nos arredores sofrem com o combo da exploração humana (como o desmatamento) e as mudanças climáticas, que tornam a terra mais propensa à erosão. 

Dessa forma, as sobrevivências dessas comunidades e dos ecossistemas únicos do Saara podem estar sob ameaça.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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