Comércio ilegal de abelhas na internet ameaça conservação de espécies no Brasil
As abelhas sem ferrão são insetos extremamente importantes. Para começar, elas polinizam flores em florestas tropicais e também espécies de plantas comerciais. Além disso, são utilizadas para a produção de mel — algo que contribui não apenas para a economia brasileira, mas também para a conservação das próprias abelhas e de seu habitat. Afinal, por que acabar com algo que está dando lucro?
Mas nem tudo são flores — com o perdão do trocadilho. Um levantamento de Antônio F. Carvalho, pesquisador do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), revelou uma rede de vendedores que organizam o comércio de abelhas sem ferrão no Brasil pela internet de forma ilegal.
O cientista usou métodos de mineração de dados na internet para revelar a rede de tráfico. Ele encontrou, no total, 308 anúncios de venda dos insetos em 85 cidades brasileiras. O estudo completo foi publicado na revista científica .
A maior parte dos anúncios na internet vinha de cidades cobertas pela Mata Atlântica. De acordo com a pesquisa, os vendedores retiram os ninhos da natureza, multiplicam o número de abelhas sem ferrão e depois vendem os insetos, que são transportados por longas distâncias.
As abelhas jataí, uruçu, mandaguari e abelhas-mirins apareceram nos anúncios com maior frequência. O preço das colônias variava entre R$ 70 e R$ 5 mil.
O comércio ilegal de abelhas na internet faz com que muitas espécies sejam levadas para locais em que elas não costumam viver, o que causa um desequilíbrio ecológico.
Grande parte das discussões sobre abelhas foca no aquecimento global, mas este não é o único desafio enfrentado por elas. Como Antônio F. Carvalho, que assina o estudo, , é provável que espécies sumam da natureza “devido ao tráfico muito antes que o clima seja capaz de afetá-las negativamente”.