Com ajuda do compositor de Top Gear, estúdio brasileiro quer lançar sucessor espiritual do jogo
Em um dia de trabalho no estúdio gaúcho Aquiris, o diretor de arte Amilton Diesel chegou para o responsável pelo marketing da empresa, Israel Mendes e disse: “Andei pesquisando sobre o cara que fez as trilhas do Top Gear pro nosso jogo. Adicionei ele no Facebook”.
Amilton se referia ao escocês Barry Leitch, compositor de centenas de trilhas de jogos dos anos 80 e 90, do Atari ao Nintendo 64, mas que vai sempre ficar marcado pelas músicas do clássico de corrida do Super Nintendo.Após algumas conversas, Leitch topou compor a trilha para o atual projeto em desenvolvimento na Aquiris, o Horizon Chase, um jogo de corrida com fortes influências dos jogos de 8 e 16-bit.
Em um depoimento divulgado com o anúncio de Horizon Chase, Barry Leitch fala que os brasileiros pediram um som parecido com as composições antigas dele, mas repensadas para algo contemporâneo. “Eu voltei no tempo para ouvir minhas trilhas do Top Gear e comecei a criar, deixando a própria música se compor”, diz Leitch. A música no trailer acima é o resultado disso.
Agora, com a participação do compositor, o jogo brasileiro passou a ganhar ares de sucessor espiritual de Top Gear, mas a Aquiris quer deixar claro que enquanto Horizon Chase tem inspirações desse e de outros jogos como Out Run e Lotus Turbo Challenger, ele será também um jogo adaptado para os tempos atuais.
“O visual, as músicas, a tecnologia é bastante moderna e queremos que apenas a inspiração siga sendo aquela do passado, dos anos 90”, explica Amilton Diesel, que está à frente do projeto ao Gizmodo.Com música e inspiração de Top Gear, mas com um ar de novidade, só o que queremos saber é quando podemos comprá-lo no Steam ou mesmo baixá-lo nas lojas virtuais do PS4 ou Xbox One.
Isso, porém, não irá acontecer nesse primeiro momento, já que Horizon Chase está sendo planejado para o mercado de mobile, tanto de smartphones quanto tablets. “O plano inicial prevê as plataformas mobile porque já temos domínio sobre elas, mas planejamos ir para as plataformas mais core, como PC e consoles”, me esclarece o diretor de marketing da Aquiris, Israel Mendes.
É então que surge a dúvida: Horizon Chase vai pender para o estilo mais casual que estamos habituados a jogos mobile ou pretende permanecer firme as raízes hardcore dos jogos que o inspiram? Quem responde, dessa vez, é Amilton. “Nosso plano é ter no jogo o melhor de ambos: a casualidade e acessibilidade que o mobile nos permite ter, mas sem deixar de ter upgrades, dos quais somos fãs também”.
O resultado disso saberemos já no próximo mês de junho, quando Horizon Chase estiver pronto para ser lançado. Pelo menos sabemos que em termos de trilha sonora, ele está bem servido.
Uma nova fase
A atitude da Aquiris em não se arriscar tanto com Horizon Chase é justificada por esse ser o primeiro jogo de uma nova fase para o estúdio.
Antes conhecidos por desenvolver jogos para terceiros, como os baseados em desenhos do Cartoon Network, e advergames, os gaúchos entraram 2015 com o intuito de focar em jogos mais autorais, cuidando tanto do desenvolvimento quanto da publicação do jogo.Horizon Chase não é o primeiro jogo pensado e criado por eles: antes teve também o FPS free-to-play Ballistic, que atualmente está recebendo uma chamada Ballistic Overkill, ainda em early access.
A Aquiris não pretende abandonar o seu antigo modelo de criar jogos em parceria, mas definitivamente vai cada vez mais se ariscar em projetos próprios. “A Aquiris é uma empresa que mescla seus esforços criativos em autoria e parcerias estratégicas, nosso business é diversificado. Mas sim, é um ano com grande ênfase autoral”, afirma Israel Mendes.