Ciência

Cobras no comando: a incrível (e assustadora) ilha proibida no litoral de SP

Situada entre os municípios de Itanhaém e Peruíbe, a ilha abriga um contingente impressionante de cobras. Por isso, seu acesso é proibido
Imagem: ICMBio/Reprodução

A apenas 36 quilômetros do litoral sul de São Paulo, uma ilha misteriosa permanece envolta pela densa Mata Atlântica. Sem praias e de acesso dificultado, a Ilha da Queimada Grande não é apenas um local remoto: é também um território que afasta visitantes por um motivo singular: sua população de cobras venenosas.

Situada entre os municípios de Itanhaém e Peruíbe, a ilha abriga um contingente impressionante de répteis. De acordo com biólogos do , que estudam a região desde 1911, a estimativa é de que pelo menos 15 mil indivíduos serpentários habitam essa ilha peculiar.

Entre eles, destacam-se duas espécies de jararacas: a Ilhoa (Bothrops insularis) e a Dormideira (Dipsas mikanii). A primeira, exclusiva da ilha, não é encontrada em nenhum outro lugar do mundo.

Concentração surpreendente de cobras

Em termos de concentração de serpentes, a Ilha da Queimada Grande rivaliza com poucos lugares no planeta. Perde apenas para a Ilha de Shedao, na China, que abriga cerca de 20 mil desses animais. No entanto, a ilha paulista ostenta um título ainda mais impressionante: é o local com a maior densidade populacional de uma única espécie de serpente. As jararacas-ilhoa, adaptadas ao ambiente insular, prosperam em seu território, desafiando as adversidades naturais.
Ilha tem em torno de 1 jararaca a cada 300 metros. Imagem: Marcos Rosa/ICMBio/Reprodução

O primeiro registro histórico da Ilha da Queimada Grande data de 1532, resultado da expedição colonizadora enviada ao Brasil comandada pelo militar português Martim Afonso de Souza. Mesmo após a “descoberta”, a ilha seguia inabitada até o final do século 19. Nessa época, a Marinha do Brasil implantou um farol de balizamento marítimo no local, e faroleiros que residiam ali realizavam a manutenção. E o nome da ilha vem justamente da tentativa dos moradores locais de afastarem as cobras. Para afugentar as serpentes, eles costumavam atear fogo à mata costeira, criando uma técnica que deu origem à própria denominação da ilha: Queimada Grande.

Mesmo com décadas de pesquisa, a Ilha da Queimada Grande ainda instiga cientistas e habitantes da região. Seu isolamento e sua população de serpentes a tornam um dos locais mais intrigantes e assustadores do litoral brasileiro.
Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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