Elizabeth Ann não é somente o primeiro clone de uma doninha-de-patas-pretas, mas também a primeira espécie em perigo de extinção a passar por tal procedimento nos Estados Unidos. Seu nascimento representa um marco importante no esforço contínuo para aumentar a diversidade genética desta espécie ameaçada.
Nascida em 10 de dezembro de 2020, Elizabeth Ann é a gêmea genética de Willa, que morreu em 1988. O Departamento de Caça e Peixes de Wyoming preservou as células do animal falecido no Frozen Zoo do Zoológico de San Diego, onde foram armazenadas em um criobanco por décadas.
De acordo com , diretor de conservação genética de San Diego Zoo Global, a organização “foi criada há mais de 40 anos, com a esperança de que poderia fornecer soluções para os desafios de conservação futuro. Estamos muito satisfeitos por termos conseguido fazer um criobanco e, anos depois, fornecer culturas de células viáveis para este projeto inovador.”
Hoje, todas as doninhas-de-patas-pretas (Mustela nigripes) descendem de apenas sete animais, o que não é nada bom. A espécie havia sido listada como ameaçada de extinção nos EUA em 11 de março de 1967 e foi considerada extinta por algum tempo. Em 1981, um fazendeiro em Wyoming encontrou um grupo desta espécie em suas terras, que foi usado para iniciar um programa de reprodução em cativeiro. Os conservacionistas têm tentado a espécie desde então, mas já existem várias populações reintroduzidas em todo o país.
Em 2008, o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA um estudo de cinco anos e descobriu que “a espécie continua sendo um dos mamíferos mais ameaçados nos Estados Unidos”, acrescentando que a extinção não é garantida, pois “a recuperação da espécie está ao nosso alcance”. Em 2018, o USFWS emitiu uma licença permitindo a pesquisa de clonagem em espécies ameaçadas de extinção. Essa iniciativa, por fim, avançou para o próximo estágio, resultando no nascimento de Elizabeth Ann.
“Embora esta pesquisa seja preliminar, é a primeira clonagem de uma espécie nativa ameaçada de extinção na América do Norte e fornece uma ferramenta promissora para esforços contínuos para conservar a doninha-de-patas-pretas”, disse Noreen Walsh, diretora do Mountain-Prairie Region, na declaração ao USFWS.
Além do San Diego Zoo Global, o USFWS fez parceria com a (uma organização de conservação da vida selvagem), a (uma empresa de clonagem de animais) e a (uma organização sem fins lucrativos focada na preservação, educação e ações em prol da vida animal).
Este experimento de clonagem está sendo feito para aumentar a diversidade genética das doninha-de-patas-pretas, uma conquista que poderia impulsionar os esforços de repovoamento em andamento. A fraca diversidade genética é um sinal de endogamia e de uma pequena população, podendo levar a uma série de problemas, incluindo aumento da suscetibilidade a doenças e distúrbios genéticos, diminuição da capacidade de adaptação na natureza e taxas de fertilidade mais baixas.
Elizabeth Ann, como uma duplicata genética de Willa, não é parente das doninhas de Wyoming encontradas na década de 1980. E, de fato, descobriu-se que o genoma do clone contém uma abundância de variações únicas em comparação com a população viva. Se Elizabeth Ann pudesse acasalar e se reproduzir, isso representaria um pequeno, mas muito importante, passo adiante.
Elizabeth Ann e sua mãe substituta estão sendo mantidas no National Black-Footed Ferret Conservation Center do USFWS, no Colorado, onde a dupla passará a vida inteira, de acordo com o .
Aumentar a diversidade genética das doninha-de-patas-pretas é uma coisa. Restaurar seu habitat — dando-lhes um lugar para viver, caçar e procriar — é outro desafio totalmente diferente.
“A clonagem genética bem-sucedida não diminui a importância de abordar as ameaças relacionadas ao habitat para as espécies ou o foco em discutir a conservação e gestão de habitat para recuperar as doninhas-de-patas-pretas”, disse Walsh. Para ver mais fotos de Elizabeth Ann e até alguns vídeos, confira o seu no Flickr.
Desde que a ovelha Dolly foi clonada em 1996, os cientistas fizeram grandes avanços no campo. Em 2018, pesquisadores na China clonaram macacos pela primeira vez, e outras equipes estão trabalhando em “reclones”, ou seja, clones de clones.