Ciência
Clima seco: 75 cidades brasileiras estão sem chuva há mais de cem dias
Além das capitais, a situação é particularmente preocupante em algumas cidades do Norte, Sudeste e Centro-oeste
Imagem: YouTube/Reprodução
O Brasil enfrenta uma grave crise hídrica, com 75 cidades sem chuva há mais de 100 dias, afetando mais de 12 milhões de pessoas.
Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a crise atinge capitais como Palmas, Cuiabá, Brasília, Goiânia e Belo Horizonte, com algumas cidades sem chuva há mais de 150 dias. Nesta sexta-feira (6), Belo Horizonte chega a marca de 141 dias sem chuva.A situação é particularmente preocupante em algumas cidades do Norte, Sudeste e Centro-oeste, como Santa Isabel do Rio Negro (Amazonas), Canápolis (Minas Gerais) e Apiacás (Mato Grosso), que já estão sem chuva há mais de 10 meses.
A falta de chuva nessas cidades destaca uma mudança climática que pode tornar regiões amenas em lugares áridos. Em Belo Horizonte, a falta de chuva e o tempo seco trouxe uma enorme névoa sobre cidades da região metropolitana da capital mineira.Cidades mineiras sem chuva há mais de 150 dias
Segundo a lista do Inmet, Pompeu, na região central de Minas Gerais, é a cidade com mais dias sem chuvas, passando por uma estiagem de 155 dias.Aliás, o Top 10 é composto por cidades do norte de Minas Gerais, com destaque para Montes Claros, maior cidade da região que faz parte do semi-árido, que está há 152 dias sem chuva.
O cenário no triângulo mineiro é preocupante, pois representa uma mudança de vegetação no bioma, causado pelas queimadas que afetaram o Pantanal, além da longa estiagem. Em Uberaba, não chove há mais de 140 dias.
Assim como em MG, cidades de São Paulo próximas do cerrado, como Jales e Lins, estão há mais de 100 dias sem chuva. Similarmente, na região baiana próxima ao cerrado, as cidades estão há mais de 130 dias sem chuva.
Cidades sem chuva + incêndios: tragédia anunciada
Esta é a pior seca desde 1950, com 24 estados e o Distrito Federal combatendo incêndios florestais e várias cidades sem chuva há meses.
“Olhando o país como um todo, a seca de 2024 já é a mais extensiva da história recente”, afirma Ana Paula Cunha, pesquisadora e especialista em secas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). O Cemaden mensalmente a condição de seca por meio do Índice Integrado, que considera déficit de chuvas, de umidade do solo e a secura da vegetação. “Quanto mais distante do normal estão essas três variáveis, maior é a intensidade da seca”, explica Cunha.Aliás, nas últimas 30 horas, foram registrados mais de nove mil focos de incêndio, incluindo 500 em Minas Gerais. Em Brasília, um incêndio já consumiu 40% da Floresta Nacional e atingiu duas nascentes importantes.
Escolas suspenderam aulas no Acre devido à fumaça, o Ibama realiza operações de resgate de peixes no Tocantins e incêndios devastam reservas em Rondônia. Além disso, a seca impacta diretamente a economia, com a Aneel a bandeira tarifária vermelha nível 2 para setembro, encarecendo a conta de luz. Cidades sem chuva contribuem para uma menor geração de energia hidrelétrica, resultando, assim, no uso de termelétricas mais caras. Essa é a primeira vez desde agosto de 2021 que a Aneel aciona a bandeira vermelha, refletindo, portanto, a gravidade da crise atual.