Árvores nativas de regiões mais frias da Terra estão sendo afetadas de uma forma inesperada. Com o aumento de temperaturas no planeta, elas estão ficando mais altas – mas também mais frágeis.
Um estudo da Universidade do Quebec, no Canadá, mostrou que árvores bálsamo que experimentam uma estação de crescimento (da primavera ao outono) mais longa do que o normal, produzem células de madeira e um anel de crescimento mais espesso.
Isso contribui para o enfraquecimento da madeira, o que torna as árvores estruturalmente mais fracas. Isso faz com que os troncos quebrem com mais facilidade.
O que são anéis de crescimento
Sabe os “discos” que você enxerga ao cortar a madeira de uma árvore? Eles são os anéis de crescimento, ou o produto de uma estação de crescimento.
A cada ano, um novo anel se forma, e sua espessura depende de uma combinação de fatores inerentes à árvore, como genéticos (espécie) e ambientes (tipo de solo, exposição solar, clima, etc).
Quando o anel de crescimento é mais espesso, há uma mudança na relação entre a quantidade de madeira precoce e madeira tardia. Segundo o estudo, para cada dia que a duração da estação aumentava, as árvores produziam uma célula a mais de madeira precoce.
O aumento da madeira precoce está ligado com uma diminuição da densidade. Isso mostra que o aumento do crescimento não corresponde exatamente à maior produção de biomassa – que é o que dá sustentação aos troncos.
Não interfere só na lenha
A razão entre o número de células da madeira precoce e da madeira tardia determina a densidade da madeira – e, por isso, seu potencial de uso e valor material. Mas não é só isso.
As características dessas árvores são particularmente importantes porque as paredes celulares da madeira estocam a maior parte do carbono assimilado da atmosfera. Dessa forma, uma parede celular mais espessa significa que a árvore absorve uma quantidade maior de carbono.
Uma da Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, mostrou que, à medida que a taxa de crescimento das árvores aumenta, a densidade da madeira caía de 8% a 12%. Em consequência, o conteúdo de carbono diminuiu em cerca de 50%, o que sugere que as árvores extraíram menos dióxido de carbono da atmosfera.
A consequência mais lógica é que, com o aumento das temperaturas, as estações de crescimento das árvores ficarão mais longas. Isso pode aumentar a expansão global das florestas, mas também reduzir a taxa de absorção de carbono desses filtros naturais.