Clima mais quente está tornando as árvores maiores, só que mais frágeis

Estudo mostrou que árvores estão experimentando um período de crescimento mais longo, o que contribui para o enfraquecimento da madeira
Clima mais quente está tornando as árvores maiores, só que mais frágeis
Imagem: Kazuend/Unsplash/Reprodução

Árvores nativas de regiões mais frias da Terra estão sendo afetadas de uma forma inesperada. Com o aumento de temperaturas no planeta, elas estão ficando mais altas – mas também mais frágeis. 

Um estudo da Universidade do Quebec, no Canadá, mostrou que árvores bálsamo que experimentam uma estação de crescimento (da primavera ao outono) mais longa do que o normal, produzem células de madeira e um anel de crescimento mais espesso. 

Isso contribui para o enfraquecimento da madeira, o que torna as árvores estruturalmente mais fracas. Isso faz com que os troncos quebrem com mais facilidade. 

O que são anéis de crescimento 

Sabe os “discos” que você enxerga ao cortar a madeira de uma árvore? Eles são os anéis de crescimento, ou o produto de uma estação de crescimento. 

A cada ano, um novo anel se forma, e sua espessura depende de uma combinação de fatores inerentes à árvore, como genéticos (espécie) e ambientes (tipo de solo, exposição solar, clima, etc). 

Quando o anel de crescimento é mais espesso, há uma mudança na relação entre a quantidade de madeira precoce e madeira tardia. Segundo o estudo, para cada dia que a duração da estação aumentava, as árvores produziam uma célula a mais de madeira precoce. 

O aumento da madeira precoce está ligado com uma diminuição da densidade. Isso mostra que o aumento do crescimento não corresponde exatamente à maior produção de biomassa – que é o que dá sustentação aos troncos. 

Não interfere só na lenha 

A razão entre o número de células da madeira precoce e da madeira tardia determina a densidade da madeira – e, por isso, seu potencial de uso e valor material. Mas não é só isso. 

As características dessas árvores são particularmente importantes porque as paredes celulares da madeira estocam a maior parte do carbono assimilado da atmosfera. Dessa forma, uma parede celular mais espessa significa que a árvore absorve uma quantidade maior de carbono. 

Uma da Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, mostrou que, à medida que a taxa de crescimento das árvores aumenta, a densidade da madeira caía de 8% a 12%. Em consequência, o conteúdo de carbono diminuiu em cerca de 50%, o que sugere que as árvores extraíram menos dióxido de carbono da atmosfera. 

A consequência mais lógica é que, com o aumento das temperaturas, as estações de crescimento das árvores ficarão mais longas. Isso pode aumentar a expansão global das florestas, mas também reduzir a taxa de absorção de carbono desses filtros naturais. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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