O derretimento do gelo polar chegou a um nível preocupante — e está afetando até mesmo a rotação da Terra. É o que argumenta um estudo publicado na revista .
Apenas no final da década de 1960 o mundo começou a usar o tempo universal coordenado (UTC) para definir fusos horários. Esse sistema depende de relógios atômicos, que medem o tempo com precisão de milésimos.
Contudo, esses relógios acompanham a rotação da Terra, que não é constante. Geralmente, ela se altera dependendo do que está acontecendo na superfície do planeta e no seu núcleo. Conforme vão se acumulando, elas são incorporadas na contagem de tempo dos relógios atômicos de períodos em períodos.
Para isso, os cientistas costumam acrescentar ou tirar o que chamam de “segundo intercalar”, que sincroniza novamente a rotação da Terra e a contagem dos dispositivos.
Muitos segundos foram adicionados ao longo dos anos. No entanto, o planeta está em um processo de aceleração atualmente, devido a processos que acontecem em seu núcleo. Dessa forma, em vez de adicionar um “segundo intercalar”, os pesquisadores teriam que subtraí-lo no próximo ajuste dos relógios.
Mas há ainda outra interferência: os efeitos das mudanças climáticas. Embora a Terra esteja aumentando a velocidade em que gira naturalmente, o derretimento das geleiras está deixando a rotação mais devagar.
O que diz a nova pesquisa
De acordo com o estudo, o derretimento do gelo polar está alterando o formato da Terra. Isso porque a água derretida se move dos polos em direção à Linha do Equador, o que deixa o planeta menos redondo e mais achatado.
A mudança na forma, por sua vez, interfere na velocidade que a Terra gira. Em geral, tende a desacelerar a rotação.
“Para mim, o fato de os seres humanos terem causado a mudança na rotação da Terra é meio surpreendente”, afirmou Duncan Agnew, autor do estudo, à .
Para Agnew, isso evidencia como a ação humana está mudando o planeta. “Poder dizer que tanto gelo derreteu que realmente mudou a rotação da Terra por uma quantidade mensurável, acho que dá a sensação, OK, isso é importante”, conclui.
Segundo cálculos dos pesquisadores, esse atraso na maneira como o planeta gira está adiando em três anos o momento de ajustar os relógios atômicos. A contabilização do “segundo intercalar” deveria acontecer em 2026, mas agora está prevista para 2029.