Cientistas se aproximam de uma nova vacina para tuberculose
Já existe uma vacina contra a tuberculose sendo oferecida gratuitamente no Brasil. É a famosa BCG, indicada para crianças de até quatro anos. Mas tem um problema: o imunizante só protege pessoas vacinadas na infância, o que acaba deixando a população adulta desamparada.
Cientistas da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, pretendem mudar essa história. Eles em uma vacina de mRNA contra a tuberculose que pode funcionar em pacientes de todas as idades.
Para produzir o imunizante, a equipe teve que olhar para o passado. Mais especificamente, para o ano de 2005.
Na época, foram coletadas amostras de sangue de aproximadamente 6 mil estudantes sul-africanos do ensino médio. Os exemplares, utilizados para uma série de pesquisas, continham pistas sobre como o sistema imunológico humano poderia matar o bacilo de Koch, responsável pela tuberculose.
Mais de 80% dos sul-africanos foram expostos ao patógeno da doença, mas apenas um em cada dez desenvolve o problema. Como os cientistas coletaram outras amostras depois para fins de acompanhamento, foi possível comparar àquelas pessoas que desenvolveram e as que não desenvolveram a tuberculose.
Dessa forma, poderiam responder a pergunta: o que tornava parte dos adolescentes resistentes? Segundo um estudo publicado agora na revista , esse grupo possui um conjunto diferente de células T, as quais se ligam de maneira diferente a determinadas proteínas. São elas que garantem a resistência.
Vacinas de mRNA
A informação casa perfeitamente com a evolução das vacinas de mRNA. Sabendo as proteínas envolvidas, os cientistas podem inserir seu código genético na vacina e enviá-lo ao corpo como uma receita de bolo. O próprio sistema imunológico poderá produzi-las e combater o problema.
A vacina não deve chegar tão cedo. Afinal, além de desenvolvê-la, os pesquisadores devem submetê-la a testes em laboratório e depois em animais para testar sua eficácia e segurança. Ensaios clínicos envolvendo humanos virão bem depois.
Todavia, esse é um grande passo para combater uma doença que mata cerca de 1,6 milhões de pessoas a cada ano.