Ciência

Cientistas questionam evidências da pirâmide de 27 mil anos na Indonésia

Para pesquisadores, não há evidências de que é uma construção humana; revista investiga artigo sobre a pirâmide
Imagem: Wikipedia Commons/ Reprodução

Recentemente, um estudo publicado na revista concluiu que uma construção na ilha de Java, na Indonésia, é a pirâmide mais antiga do mundo. Embora os dados sejam legítimos, pesquisadores alegam que a conclusão sobre o local e a idade da pirâmide não são bem justificadas.

Seguindo o raciocínio exposto na pesquisa, a pirâmide que fica abaixo do sítio arqueológico pré-histórico de Gunung Padang teria 27 mil anos. Isso supera a idade da Pirâmide de Djoser, a mais antiga do Egito, que tem mais de 4 mil anos. Também significa que a construção indonésia antecede o sítio megalítico mais antigo que se tem conhecimento: Göbekli Tepe, na Turquia, com cerca de 11 mil anos.

Conclusões duvidosas

De acordo com o artigo dos pesquisadores da BRIN (Agência Nacional de Pesquisa e Inovação), da Indonésia, há quatro camadas de solo que sugerem fases separadas de construção da estrutura. Através de datação por carbono, eles determinaram a idade de cada camada.

A primeira fase da construção, segundo o artigo, ocorreu entre 27 mil e 16 mil anos atrás. Depois, vieram outras camadas, entre 8 mil e 7.500 anos atrás. Já a camada final, que inclui os terraços visíveis, é de entre 4 mil e 3.100 anos atrás.

Apesar de considerarem a datação bastante precisa, outros pesquisadores questionam as evidências de que seres humanos construíram essas camadas. Para eles, não há indicação de alvenaria sofisticada, como costuma acontecer na construção de pirâmides.

Também não há características de atividade humana, como a presença de carvão ou fragmentos de ossos. Dessa forma, eles sugerem que as camadas podem ser resultado de um processo natural de desgaste e movimento de rochas ao longo do tempo.  Além disso, segundo os próprios cientistas indonésios, as pessoas na região habitavam cavernas entre 12 mil e 6 mil anos atrás. Assim, viviam por lá muito depois que a pirâmide supostamente foi construída.

O que respondem os pesquisadores envolvidos

Para Danny Natawidjaja, autor do estudo, as pedras em forma de coluna eram muito grandes e ordenadas para simplesmente rolarem até lá. Além disso, ele e os outros autores relatam ter encontrado uma pedra em forma de adaga. 

“A geometria regular e a composição distinta deste objeto, e seus materiais não relacionados às rochas circundantes, indicam sua origem feita pelo homem”, dizem.

Sob investigação

Agora, a revista Archaeological Prospection está investigando a validade dos resultados da pesquisa sobre a pirâmide junto com sua editora, a Wiley. “Os editores, incluindo eu, e a equipe de ética da Wiley estão investigando este artigo de acordo com as diretrizes do Comitê de Ética de Publicação”, disseram à .

Enquanto isso, Natawidjaja diz que os pesquisadores estão abertos para que outros cientistas façam suas pesquisas em Gunung Padang.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

fique por dentro
das novidades giz Inscreva-se agora para receber em primeira mão todas as notícias sobre tecnologia, ciência e cultura, reviews e comparativos exclusivos de produtos, além de descontos imperdíveis em ofertas exclusivas

카지노사이트 온라인바카라 카지노사이트