Cientistas querem criar galinhas mutantes para frear gripe aviária
De acordo com um novo estudo publicado na revista , a edição de genes de aves poderia conter a propagação da gripe aviária. Atualmente, o mundo está passando pelo maior já registrado da doença.
De modo geral, o risco de transmissão da gripe aviária entre humanos é baixo. Mas autoridades estão preocupadas com os sinais de que mais mamíferos estão sendo contaminados desta vez, como guaxinins, focas, golfinhos e outros.
Segundo o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), até agora foram confirmados cerca de no Brasil. Caso o surto se expanda no país, o prejuízo pode ser de até R$ 22 bilhões, de acordo com .
A solução genética
O vírus que está circulando é o H5N1, conhecido desde 1996 e considerado de alta patogenicidade. Atualmente, a vacinação dos animais é o método primordial para prevenir surtos de gripe aviária.
Contudo, o vírus da doença evolui rapidamente, o que torna as vacinas existentes menos eficazes com o tempo. Além disso, existem múltiplas cepas do vírus da gripe aviária, mas uma vacina é eficaz apenas contra uma cepa específica.
Dessa forma, pesquisadores buscaram uma solução mais duradoura. A edição de genes proposta por eles visa alterar uma proteína específica (ANP32A) no organismo das aves que são essenciais para a reprodução de todas as variações do vírus da gripe aviária.
De modo geral, os cientistas ressaltam que o processo não é uma modificação genética – isso envolveria a transferência de um gene de uma espécie para outra. O que eles propõem no novo estudo é a edição de genes utilizando tesouras moleculares conhecidas como CRISPR/Cas9.
As aves com edição de genes foram acompanhadas atingiram a maturidade sem consequências adversas à sua saúde.
De acordo com os pesquisadores, quando bem feita, a edição de genes pode ocorrer naturalmente nos animais descendentes. E, quando expostas ao vírus da , 9 em cada 10 delas demonstraram resistência completa.
Contudo, eles também descobriram que o vírus da doença era capaz de se adaptar para usar a proteína ANP32A editada e de outras duas relacionadas. “Mas demonstramos por meio de experimentos em células que a edição simultânea das três proteínas poderia suprimir completamente o vírus”, explicou , autor do estudo.
Agora, a pesquisa em andamento visa identificar a combinação específica de edições genéticas necessárias para criar a próxima geração de galinhas resistentes contra a gripe aviária.