Ciência

Cientistas mulheres já são maioria em centro de inovação da P&G

Produtos da empresa são desenvolvidos por diversas cientistas mulheres e estão em 9 de 10 casas brasileiras; o Giz Brasil passou um dia no centro de pesquisas em Louveira (SP)
Imagem: P&G/ Divulgação

É atrás de uma parede de espelho como aquelas do Big Brother Brasil que Rosine Amstalden faz parte de seu trabalho na como gerente de produto e design. Por ali, ela consegue observar o comportamento de consumidores em testes realizados com os produtos das mais de 65 marcas da P&G.

Em outro laboratório, Luisa Mujica imprime protótipos de embalagens em impressoras 3D. Subindo alguns andares, Carolina Ferreira, Vitoria Morais, Elisete Polanski e Valentina Maciel também seguem no cotidiano de pesquisa, testando melhorias nas fórmulas de produtos para o cabelo, fraldas, absorventes menstruais e itens de higiene bucal.

É assim o ambiente do LAIC (Latin American Innovation Center), o centro de inovação da P&G, que fica localizado na cidade de Louveira, interior do estado de São Paulo. A unidade é a única em toda a América Latina e também a mais recentemente implementada no mundo. O Giz Brasil, a convite da P&G, participou de um dia de atividades no local.

No dia 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher. Com a proximidade da data, nada mais pontual que detalhar alguns aspectos das mulheres na ciência. No LAIC, é comum encontrar pesquisadoras pelos corredores, em diferentes laboratórios e também coordenando estudos. No total, quase 60% de todos os cientistas de lá são mulheres – e 56% delas ocupam cargos de liderança.

Mulheres na ciência

Os números acima vão pelo caminho contrário da marca mundial. De acordo com a , de todos os profissionais de pesquisa do mundo, apenas 33% são mulheres. 

No Brasil, elas representam quase metade, 44% do total de cientistas, segundo dados da – Rais em 2020. 

Ainda assim, as brasileiras ocupam apenas três a cada dez vagas nas áreas chamadas STEM, que incluem ciência, tecnologia, engenharia e matemática. 

E apenas em 2023 mulheres ocuparam os postos de ministra da pasta de Ciência, Tecnologia e Inovação e de presidente da ABC (Associação Brasileira de Ciências) pela primeira vez, com Luciana Santos e Helena Bonciani Nader nos cargos, respectivamente.

Pesquisadoras na base da empresa

Cientistas mulheres já são maioria em centro de inovação da P&G(Imagem: P&G/ Divulgação)

A presença feminina não é um movimento recente da empresa em busca de diversidade. Anteriormente, em 1884, foi uma das primeiras companhias a contratar mulheres para linha de produção. Cerca de seis anos depois, quando inaugurou seu primeiro laboratório de pesquisa, a P&G já tinha também sua primeira pesquisadora.

Nesse meio tempo, no decorrer dos mais de 180 anos de empresa, essas iniciativas se multiplicaram. Por exemplo, em 1926, a primeira mulher PhD foi contratada e levou consigo mais 37 mulheres cientistas.

Dessa forma, nomes femininos fazem parte de grandes marcos da P&G. Norma Becker liderou o desenvolvimento da primeira fralda descartável que chegou ao mercado e que originou uma das marcas mais conhecidas da empresa, a Pampers.

Como reflexo desse passado, no , as mulheres seguem fazendo parte do cotidiano da empresa.

“É extremamente significativo para mim observar referências femininas no meu cotidiano”, afirma Rosine. “Especialmente mulheres que ocupam cargos de liderança. Elas se tornaram fontes de inspiração, moldando a visão do que almejo me tornar ao longo da minha trajetória”, conclui.

Na rotina de pesquisa

Em sua rotina de trabalho, Rosine se dedica à pesquisa focada em compreender a experiência do consumidor com os produtos da P&G. Por isso, ela realiza testes na Casa do Consumidor, um ambiente que simula um apartamento, com banheiro, quarto, cozinha e lavanderia.

Lá, os consumidores são convidados a testar produtos da empresa e também de suas concorrentes. Isso pode acontecer tanto nas etapas iniciais de desenvolvimento de uma mercadoria, como após ela já estar disponível no mercado.

Cientistas mulheres já são maioria em centro de inovação da P&G(Imagem: P&G/ Divulgação)

Sem saber qual item é de qual marca, os participantes testam os produtos enquanto são observados por pesquisadores que estão atrás da parede de espelho – entre eles, está a própria Rosine. Ao final, os consumidores também contam suas impressões e tudo isso é traduzido em ajustes no artigo final.

“Consigo perceber, na prática, a relevância dos meus projetos para traduzir as necessidades dos consumidores em tecnologias aplicáveis aos nossos produtos”, explica a cientista

Dessa maneira, segundo ela, a proximidade direta com os consumidores permite compreender de maneira tangível o impacto do seu trabalho na vida das pessoas. “Uma oportunidade que não estava disponível durante a minha formação acadêmica”, afirma.

Assim, hoje ela constrói a história da empresa e da ciência brasileira, pavimentando um caminho para que outras mulheres possam seguir, no futuro. Ou seja, para a P&G, os benefícios também são palpáveis. 

De acordo com a empresa, a presença de equipes diversas e inclusivas “estão encantando os consumidores com produtos tão bons que são amados e confiáveis por milhões de lares ao redor do mundo”.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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