Cientistas modificam planta de tabaco para produzir cocaína

Pesquisadores pretendem produzir a cocaína em outros microrganismos que não a folha de coca e aplicá-la na indústria farmacêutica
Cientistas modificaram geneticamente uma planta de tabaco para produzir cocaína
Imagem: Marco Verch Professional Photographer/Flickr/Reprodução

A cocaína é conhecida por estimular o sistema nervoso central e causar efeitos psicoativos nos indivíduos. Seu uso contínuo pode causar danos irreversíveis ao sistema cardiovascular e, por conta disso, ela é considerada uma droga ilegal. 

Por outro lado, esse alcaloide já se mostrou útil na medicina, podendo ser aplicado como anestésico local ou mesmo para estreitar os vasos sanguíneos e conter sangramentos. Pensando nesse tipo de aplicação, cientistas do Instituto de Botânica Kunming, na China, encontraram uma forma de produzir a cocaína através de uma planta de tabaco. 

Para entender, é preciso saber a origem da cocaína e de seu princípio ativo. Em resumo, o composto é produzido naturalmente na planta Erythroxylum coca. Sua extração é feita a partir das folhas secas do vegetal. 

Até então, as etapas de biossíntese da cocaína eram consideradas um mistério, o que tornava a produção da cocaína pela indústria farmacêutica bastante limitada. Agora, os cientistas desvendaram o segredo.

Segundo o estudo publicado no , existem duas enzimas essenciais que convertem o precursor químico conhecido como MPOA em metilecgonina, uma seção da molécula de cocaína. As enzimas em questão são chamadas EnCYP81AN15 e EnMT4. 

A planta de tabaco Nicotiana benthamiana possui uma substância quimicamente semelhante à MPOA, que recebe o nome de ornitina. Essa também é convertida pelas duas enzimas citadas acima. Sabendo disso, foram necessárias apenas algumas alterações genéticas para que a equipe conseguisse cocaína através das folhas de tabaco. 

Cada miligrama de folha seca produziu apenas cerca de 400 nanogramas de cocaína, o que ainda é pouco quando comparado a uma planta de coca original. Porém, o conhecimento do mecanismo permitirá aos cientistas modificar outros organismos, como bactérias, e trabalhar na produção da droga em larga escala para fins medicinais.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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