Cientistas afirmam ter encontrado os fósseis mais antigos da história
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O , publicado nesta quarta-feira (1), na Nature, oferece evidência direta de atividade microbial dentro e em volta de fontes hidrotermais. Encontrados em uma praia no noroeste de Quebec, os fósseis datam de impressionantes 3,77 bilhões de anos, o que é menos de um bilhão de anos depois da formação do sistema solar e de nosso planeta. Essa descoberta sugere que condições habitáveis surgiram logo no começo da história da Terra, destacando a aparente facilidade com que a vida é capaz de emergir, seja em nosso planeta ou em outro lugar.
Onde e quando a vida surgiu pela primeira vez na Terra seguem sendo um mistério. Essa última pesquisa sugere que alguns dos primeiros ambientes habitáveis se formaram em torno de fontes hidrotermais no fundo do mar. É completamente concebível que tenha sido lá — no oceano profundo — que a vida primeiro apareceu. De maneira animadora, condições parecidas podem ter surgido em outros lugares, como nos , ou nos oceanos subterrâneos das luas e . Antes dessa descoberta, , datados de 3,46 bilhões de anos atrás. Os novos microfósseis, que são 300 milhões de anos mais velhos, agora representam o que são provavelmente o mais antigo sinal de vida a aparecer em nosso planeta.Esses tubos feitos de hematita representam os microfósseis e a evidência de vida mais antigos da Terra, de acordo com o novo estudo (Imagem: Matthew Dodd)
Filamento de hematita ligado a um aglomerado de ferro. Esses aglomerados um dia foram células microbiais e são parecidos com micróbios modernos encontrados em ambientes de fontes hidrotermais (Imagem: Matthew Dodd)
David Wacey, geobiólogo da Universidade da Austrália Ocidental e que não esteve envolvido no estudo, disse que os pesquisadores da UCL fizeram um bom trabalho em apresentar várias linhas de evidência para sua interpretação biológica e discutir cenários não-biológicos plausíveis. “A evidência química por si só não seria particularmente forte, mas combine isso com a evidência morfológica dos filamentos e tubos e você tem um cenário biológico bastante lógico”, Wacey contou ao Gizmodo. Ele diz que é difícil imaginar como essas microestruturas poderiam ter se formado puramente de processos não-biológicos. Ao mesmo tempo, diz, precisamos exercitar um pouco de hesitação antes de nos referirmos descaradamente a esses fósseis como os mais antigos já encontrados. “Como com qualquer alegação de forma de vida primitiva, e especialmente agora que esses são potencialmente os ‘microfósseis mais antigos da Terra’, essas rochas e lâminas delgadas serão analisadas em grande detalhe”, afirma. “Haverá, sem dúvidas, discussões, e pode levar vários anos antes que cheguemos a um consenso, mas é assim que a ciência deve progredir, e acho que certamente é uma contribuição importante ao debate de formas de vida primitivas. Acredito que será particularmente importante etender mais sobre a geologia regional da área e, talvez, tentar restringir a idade desses potenciais organismos.” Além disso, essa pesquisa nos faz pensar sobre um possível berço da vida hidrotermal. Antes dessa descoberta, a evidência mais forte dos primeiros sinais de vida veio de depósitos de água de 3,4 bilhões a 3,6 bilhões de anos, como areias de praia e . Esse novo estudo — que observou uma fonte de rochas antigas negligenciada — sugere uma origem diferente. “Nossa descoberta reforça a ideia de que a vida surgiu de fontes quentes, no fundo do mar, pouco após o planeta Terra ser formado”, apontou Dodd, em comunicado. Embora seja difícil tirar conclusões de uma amostra, no caso a Terra, parece que a vida pode surgir bem facilmente uma vez que as condições sejam propícias para isso, mesmo quando um planeta ainda está em seu estágio primitivo. Agora, é concebível que as condições para a vida sejam bem mais complexas do que conseguimos observar, e que somos uma anomalia na galáxia, mas esse novo estudo, junto com uma apreciação suficiente para o , sugere que a vida provavelmente existe em abundância na galáxia. Em outras palavras, essa pesquisa não é boa notícia apenas para entender a origem da vida, mas também para a astrobiologia e a contínua busca por vida extraterrestre. []Imagem do topo: Dominic Papineau