Cientistas encontram restos de massacre de 6,2 mil anos na Croácia

Segundo especialistas, esse é o caso mais antigo de assassinato em massa já estudado.
Imagem: Institute for Anthropological Research
Um grupo de pesquisadores da Croácia analisou os restos de um massacre que aconteceu no local há 6,2 mil anos. Os indícios indicam sinais de violência em ao menos 41 pessoas e mostram pistas de como os povos viviam na época.

O sítio arqueológico foi descoberto em Potočani, no ano de 2007, mas os restos encontrados lá só passaram a ser analisados em 2012. Os esqueletos foram limpos, inventariados e passados para uma análise básica — na qual especialistas estimaram a idade, o sexo e fizeram a documentação de patologias e traumas.

“Este é o caso mais antigo conhecido de assassinato em massa que conhecemos”, diz James Ahern, professor do Departamento de Antropologia da Universidade de Wyoming, em . O que se sabe sobre esses povos é que os indivíduos enterrados em vida eram pastores que se mudavam com seu gado a diferentes áreas de pastagem de acordo com a estação do ano. Eles também extraíam cobre para produzir ferramentas.

“O DNA, combinado com as evidências arqueológicas e esqueléticas — especialmente aquelas que indicam violência sistemática, talvez até no estilo de execução — demonstra um massacre indiscriminado e sepultamento aleatório de 41 indivíduos de uma comunidade pastoril antiga no que hoje é o leste da Croácia”, explicou Ahern.

De acordo com a pesquisa, publicada na revista , 70% dos esqueletos não tinham relações parentais entre si e incluíam 21 homens e 20 mulheres. Entre eles, haviam adultos de até 50 anos, adolescentes e crianças com apenas 2 anos de idade. Logo, ficou evidente que  não foi morte em decorrência de causas naturais.

Além disso, lesões cranianas foram encontradas em 13 dos 41 indivíduos assassinados no local. “Embora não tenhamos evidências sobre a causa da morte de outros indivíduos, suas mortes foram quase certamente violentas”, diz Ahern. As datações de radiocarbono realizadas e os estudos da sedimentologia do terreno indicam que houve um único evento de sepultamento após o massacre.

O estudo também considerou o papel potencial da mudança climática no evento de sepultamento em massa. Isso porque quando o clima muda, recursos como água, vegetação – incluindo ração para gado e outros animais – e animais de caça se tornam menos previsíveis.

“O aumento do tamanho da população faz com que os grupos excedam seus recursos locais e exijam expansão para outras áreas. Tanto a mudança climática quanto o aumento da população tendem a causar desorganização social e atos violentos, como o que aconteceu em Potočani, que se tornam mais comuns à medida que os grupos entram em conflito um com o outro”, conclui o especialista.    

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