Ciência

Cientistas encontram estranhos “obeliscos” infestando nossas bocas

Em estudo publicado apenas em preprint, pesquisadores descrevem estruturas de RNA que são menores que vírus e habitam microbiota
Imagem: Ozkan Guner/ Unsplash/ Reprodução

Que existem partículas de vida extremamente pequenas, as pessoas já sabem. Esses microrganismos são invisíveis a olho nu, mas exercem funções essenciais para que a existência de seres vivos seja possível na Terra. 

Agora, pesquisadores encontraram fragmentos ainda menores, que vivem na microbiota presente no intestino e na boca. Chamados de “obeliscos” pelos cientistas, eles são pedaços de RNA ainda menores que vírus.

A descoberta foi descrita em artigo, que foi publicado apenas como — ou seja, ainda não foi revisado por pares.

Sobre os obeliscos

Em geral, os obeliscos são pedaços muito pequenos de RNA que têm formato de círculos achatados. De acordo com os autores, esses círculos se dobram, de maneira que se tornam estruturas em bastão.

Embora não saibam ainda como os obeliscos podem afetar a saúde humana, os cientistas identificaram que eles são capazes de transferir informações que as células leem. Ainda assim, as sequências genéticas que eles codificam ainda são novas para a ciência.

Durante a pesquisa, os cientistas analisaram amostras de fezes de 472 pessoas de todos os continentes. Como resultado, encontraram os obeliscos em quase 10% das amostras de microbiota intestinal e oral.

Assim, concluíram que os elementos não são esporádicos ou isolados na população. Além disso, também identificaram que os obeliscos são comuns no mundo bacteriano, e não apenas em organismos mais complexos. 

Na microbiota, junto a fungos e outros microrganismos, existem muitas bactérias – e todos vivem em equilíbrio. Dessa forma, os pesquisadores ficaram curiosos para saber como os obeliscos podem influenciar a coexistência de todos os componentes.

Semelhanças com viroides

Cientistas conheciam outras estruturas semelhantes aos obeliscos. Os pesquisadores descobriram os viroides na década de 1970, que também têm o formato circular achatado e são menores que os vírus. 

No entanto, suas sequências genéticas são completamente diferentes dos obeliscos. Até agora, os pesquisadores identificaram os viroides como agentes causadores de doenças em plantas, mas também marcam presença em organismos animais.

A semelhança dessas estruturas com os obeliscos faz com que os pesquisadores pensem que, embora sejam de grupos separados, estão relacionados. E, agora, há cientistas que teorizam que esses elementos podem representar a origem de toda a vida na Terra.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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