Ciência

Cientistas descobrem que neandertais já usavam cola há 40 mil anos

Ferramentas de pedra utilizada por neandertais utilizavam mistura de ocre e betume como cola, segundo novas descobertas
Imagem: Patrick Schmidt/ Reprodução

Um novo estudo publicado na revista mostrou mais uma evidência de que os neandertais, parentes antigos do Homo sapiens, possuíam habilidades cognitivas mais avançadas do que se imaginava.

Revisitando uma coleção de ferramentas de pedra que estava na seção de Pré-História e História Antiga dos Museus Nacionais, em Berlim, cientistas descobriram que os hominídeos que viveram entre 120 mil e 40 mil anos atrás já utilizavam um tipo de cola na confecção de seus artefatos.

Os materiais são descobertas anteriores de Le Moustier, um sítio arqueológico na França que foi encontrado no início do século 20. De acordo com os autores do estudo, eles representam a evidência mais antiga de cola – ou o que chamam de adesivo complexo – na Europa.

“Os itens haviam sido embrulhados individualmente e intocados desde a década de 1960. Como resultado, os restos aderentes de substâncias orgânicas estavam muito bem preservados”, diz Ewa Dutkiewicz, um dos autores do estudo.

Sobre a cola dos neandertais

Nas ferramentas de pedra de Le Moustier, pesquisadores encontraram vestígios de uma mistura de ocre e betume. Em geral, o ocre é um pigmento natural encontrado na terra. 

Já o betume, apesar de também ocorrer naturalmente no solo, é um elemento que pode ser produzido a partir do petróleo. De acordo com cientistas, a proporção da mistura contava com mais de 50% de ocre, o que faz com que o betume perca um pouco das propriedades adesivas.

Assim, a combinação era apenas pegajosa o suficiente para que uma ferramenta de pedra permanecesse presa nela. Mas sem colar nas mãos dos neandertais que as usavam. Por isso, o material se tornava adequado para um cabo.

Para os cientistas, a mistura sugere esforço, planejamento e abordagem direcionada dos neandertais. Isso porque o ocre e o betume tinham que ser coletados de locais distantes da região de Le Moustier.

Além disso, os pesquisadores afirmam que o estudo mostra que o Homo sapiens primitivo na África e os neandertais na Europa tinham padrões de pensamento semelhantes.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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