Ciência

Cientistas descobrem que congelar minhocas evita que elas esqueçam

Estudo da Universidade de Tel Aviv foi feito com uma espécie de minhoca conhecida por ter memória curta, durando normalmente de duas a três horas
Imagem: USP/Reprodução

Um estudo publicado na revista trouxe uma descoberta fascinante: congelar minhocas pode preservar suas memórias. O estudo foi feito com a espécie Caenorhabditis elegans, conhecida por terem memórias curtas e que normalmente esquecem novas informações apenas duas a três horas após aprendê-las.

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O estudo do congelamento da minhoca

A pesquisa, liderada pelo geneticista Oded Rechavi, da Universidade de Tel Aviv (Israel), mostrou que o organismo modelo Caenorhabditis elegans esquece rapidamente, a menos que seja resfriado ou receba lítio.

No entanto, quando colocados no gelo, eles mantêm suas memórias até serem retornados à temperatura ambiente. Se os vermes são resfriados lentamente, acostumando-se ao frio antes do treinamento e depois congelados, eles esquecem as informações tão rapidamente quanto o normal. Por outro lado, se recebem lítio, retêm suas memórias por mais tempo, mesmo em temperatura ambiente.

Para estudar a formação de memória, os pesquisadores colocaram minhocas no gelo e descobriram que os animais retinham suas memórias relacionadas ao olfato enquanto estavam resfriados por pelo menos 16 horas. Assim que os vermes eram retirados do gelo, no entanto, seu ‘relógio’ de memória parecia reiniciar; após três horas, eles haviam esquecido sua aversão ao cheiro.

A pesquisa aponta para a molécula de sinalização chamada diacilglicerol como chave para essas respostas. Em C. elegans, sabe-se que regula processos celulares relacionados à memória e aprendizado, sendo essencial para o aprendizado relacionado ao olfato.

Este estudo também levanta questões sobre por que a nitidez das memórias de um verme muda sob diferentes condições ambientais. A capacidade de manter memórias intactas sob condições extremas pode ser a chave para desvendar os mistérios da memória e sobrevivência. Assim, abrindo novas possibilidades para a pesquisa em criopreservação e biologia evolutiva.

Esquecer as coisas faz bem para o cérebro

Apesar dos pesquisadores estarem tentando reforçar a memória das minhocas, no caso dos humanos, esquecer pode até fazer bem.

De acordo com um estudo publicado na revista Cell Reports, o esquecimento pode ser uma característica intencional do cérebro.

Os neurocientistas tinham a hipótese de que esquecer as memórias adquiridas em circunstâncias que não são relevantes para o momento era uma adaptação aos ambientes em constante mudança. Isso significa que uma informação que não é útil naquela hora, também não precisa ser lembrada naquela hora. Nesse sentido, o ato de esquecer poderia representar uma forma de aprendizado, não uma falha. Em tese, esse mecanismo permitiria comportamentos mais flexíveis e uma tomada de decisões melhor, o que garantiria o bem-estar. O Giz Brasil pode ganhar comissão sobre as vendas. Os preços são obtidos automaticamente por meio de uma API e podem estar defasados em relação à Amazon.
Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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