Ciência

Cientistas descobrem novo “El Niño” capaz de alterar clima no Hemisfério Sul

Cientistas descobrem um novo padrão climático similar ao El Niño que pode causar grandes impactos no Hemisfério Sul.
Imagem: Kelly Sikkema/Unsplash/Reprodução

Cientistas descobriram que uma pequena área no oceano que pode desencadear mudanças em temperaturas, causando impactos no clima do Hemisfério Sul em escala similar ao El Niño.

Esse novo padrão climático recebeu o nome de “Padrão de Número 4 de Ondas Circumpolares do Hemisfério Sul”. No entanto, diferentemente do El Niño, esse novo padrão ocorre nas latitudes médias, região entre os trópicos e os polos.

O estudo, no início deste mês, destaca a importância climática da interação entre o oceano e atmosfera. Balaji Senapati, coautor do estudo, afirma que essa descoberta é como “encontrar um novo botão de ativação do clima da Terra. Isso mostra com uma área relativamente pequena do oceano pode ter efeitos de grande escala no clima global e nos padrões climáticos”.

De acordo com os cientistas, o estudo desse novo El Niño pode aprimorar a previsão do tempo e as análises climáticas, sobretudo no Hemisfério Sul. “Podemos ajudar a explicar mudanças climáticas anteriormente consideradas um mistério, além de melhorar nossa habilidade de prever climas e eventos extremos”, afiram.

Como os cientistas descobriram o novo El Niño

Para descobrir esse primo distante do El Niño, os cientistas usaram modelos climáticos para simular 300 anos de condições climáticas. O modelo combina componentes atmosféricos, oceânicos e do gelo marino para criar uma representação compreensiva do sistema climático da Terra.

Ao analisar os dados da simulação, os cientistas identificaram um padrão recorrente de variações da temperatura do mar circulando o Hemisfério Sul. Esse padrão cria quatro áreas nos oceanos que se alternam entre quentes e frias, formando um ciclo completo no Hemisfério Sul, começando perto da Nova Zelândia e Austrália. Quando há alterações na temperatura do oceano nessa pequena área, ocorre um efeito cascata na atmosfera, criando um padrão que viaja por todo Hemisfério Sul carregando vendo fortes. Conforme essas ondas atmosféricas se movem, as temperaturas do oceano são afetadas, criando áreas quentes e frias.

De acordo com os cientistas, o oceano desempenha um papel importantíssimo no processo, pois as ondas atmosféricas alteram os padrões dos ventos, afetando como o calor se movimenta entre o oceano e o ar.

Desse modo, o fenômeno muda a profundidade da camada superior de água mais quente dos oceanos, gerando temperaturas mais quentes ou mais frias. Além disso, segundo os cientistas, o novo ocorre independente de outros sistemas climáticos nos trópicos, como o aquecimento do El Niño, sugerindo que ele sempre fez parte do clima da Terra.
Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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