Ciência
Cientistas anunciam descoberta do mais antigo buraco negro visto com raios X
Ele está em uma fase inicial de crescimento, e fica a uma galáxia a 13,2 mil milhões de anos-luz de distância da Terra
Imagem: Divulgação/NASA
Astrônomos anunciaram nesta segunda-feira (6) a descoberta do buraco negro mais distante já avistado com a ajuda de raios X – e que pode ter nascido com tamanho suficiente para ser chamado de “massivo”. Ele está em uma fase inicial de crescimento, nunca antes observada, e tem massa estimada entre 10 a 100 milhões de sóis. Sua galáxia hospedeira, a UHZ1, está a 13,2 mil milhões de anos-luz da Terra.
O senso comum sobre buracos negros nos centros das galáxias próximas ao nosso planeta é que eles contêm cerca de um décimo de um por cento da massa das estrelas de sua hospedeira.
A estimativa é calculada com base no brilho e na energia dos raios X. Sua massa mais a quantidade de raios X que o buraco negro produz e o brilho de sua galáxia se encaixam nas previsões de 2017 do pesquisador Priyamvada Natarajan, da Universidade de Yale. Ele definiu o objeto astronômico como um “Buraco Negro Extraordinário” formado diretamente do colapso de uma enorme nuvem de gás.
“Pensamos que esta é a primeira deteção de um ‘buraco negro de grandes dimensões’ e a melhor evidência já obtida de que alguns buracos negros se formam a partir de nuvens massivas de gás. Pela primeira vez estamos a observar uma breve fase em que um buraco negro supermassivo pesa quase tanto como as estrelas da sua galáxia, antes de ficar para trás”, disse Natarajan.
O que a descoberta significa?
Para encontrar o buraco negro, cuja luz vem de 470 milhões de anos após o Bg Bang, os investigadores usaram dados do Observatório de Raios-X Chandra e dados do Telescópio Espacial James Webb.Observações com o Chandra detectaram a presença de gás intenso e superaquecido que emite raios X nesta galáxia – retrato de um buraco negro supermassivo em crescimento. “Também aproveitamos uma lupa cósmica que aumentou a quantidade de luz que detectamos”, disse Akos Bogdan, do Center for Astrophysics | Harvard & Smithsonian (CfA).
A descoberta pode explicar a formação de alguns dos primeiros buracos negros supermassivos do universo e como eles podem ter atingido massas colossais logo após o Big Bang.
“Existem limites físicos para a rapidez com que os buracos negros podem crescer depois de formados, mas aqueles que nascem com maior massa têm uma vantagem inicial. É como plantar uma muda, que leva menos tempo para crescer e se tornar uma árvore em tamanho real do que se você começasse apenas com uma semente”, explicou um dos autores, Andy Goulding, da Universidade de Princeton.