Ciência brasileira corre o risco de sofrer duro golpe com corte no CNPq
O orçamento aprovado do CNPq para 2017 era de R$ 1,7 bilhão – dos quais R$ 1,3 bilhão foi aprovado pelo Congresso e R$ 400 milhões viriam do Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Como aponta a , 44% desses valores foram contingenciados.
A repercussão do caso é bastante negativa, e os cientistas já se preocupam com o futuro de seus estudos, tanto na área de engenharia quanto nas de ciências e humanas. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) enviaram um ofício ao ministério na última segunda-feira (31), solicitando “máximo empenho” para a liberação de recursos. Uma nota da pró-reitora de pós-graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Leila Rodrigues da Silva, alertando a suspensão das bolsas a partir de setembro, aumentarou a sensação de incerteza da comunidade científica, como aponta .
O Presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, falando ao , discorda da “falta de verba” do governo: “O MCTIC tem atualmente 25% do orçamento que tinha em 2010. Isso mostra que a situação é a crônica de uma morte anunciada. Era óbvio que a ciência brasileira não ia sobreviver até o fim do ano. Recentemente, o governo liberou dinheiro para emendas parlamentares na ordem de bilhões. Vemos que o dinheiro existe, a questão é definir as prioridades”.
A ciência nacional enfrenta problemas desse tipo há muito tempo. Inclusive, foi por falta de dinheiro que uma das pesquisadoras mais proeminentes do Brasil, a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, deixou o país e passou a atuar nos Estados Unidos. Quando ela anunciou sua saída, um dos principais motivos era a liberação das verbas – Suzana explicou que vários de seus projetos tiveram financiamento aprovado pela CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e pela Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado Rio de Janeiro), só que o dinheiro jamais foi liberado de fato. A reclamação da neurocientista não era com as bolsas em si, mas com o auxílio à pesquisa, que vem caindo a cada ano.
Em um , o CNPq afirma que vem adotando medidas para aperfeiçoar a gestão orçamentária, com a redução de 30% no valor de locação do imóvel de sua sede em Brasília, além de diminuir despesas com contratos de manutenção predial, entre outras iniciativas. Segundo Borges, o CNPq passou a dividir espaço em Brasília com o escritório da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), agência também vinculada ao MCTIC, o que amplia a sinergia de projetos das duas entidades. [, ]