Cidades dos EUA dão até US$ 20 mil para pessoas morarem lá; veja porquê

Incentivos querem atrair quem trabalha à distância para alavancar economia das cidades pequenas. Veja mais
Imagem: Visit The US/Reprodução

Diversas cidades pequenas dos EUA passaram a oferecer incentivos para que pessoas em trabalho remoto se mudem para lá. Entre os benefícios estão ajudas financeiras – os valores chegam a US$ 20 mil, mais de R$ 100 mil no câmbio atual –, incentivos fiscais e, em alguns casos, até propriedades. 

Há ofertas menos generosas, mas ainda interessantes: alguns municípios oferecem associações vitalícias em cooperativas de alimentos. Em outros, ingressos gratuitos para shows. Como já contamos aqui no Gizmodo Brasil, uma cidade do Indiana oferece até mesmo “avós postiças”, que topam cuidar de crianças.

Mas porque os EUA estão fazendo isso? Por incrível que pareça, faz parte do projeto de expansão das cidades. Municípios dos EUA gastam, em média, US$ 70 bilhões por ano para alavancar a economia. Há um tempo, os recursos eram destinados a incentivos para que empresas se instalassem em cidades menores. 

A pandemia, porém, acelerou a transição dessas empresas para o trabalho remoto. Como alternativa, restou ao fundo destinar esses recursos aos funcionários que podem trabalhar de casa e, por isso, morar em qualquer lugar. 

“Esses trabalhadores trazem suas famílias, renda, poder de compra e impostos”, disse Evan Hock, fundador do MakeMyMove, plataforma online que conecta cidades e trabalhadores remotos, ao site Fortune. “Para um investimento modesto, os retornos são enormes”, pontuou.

Veja algumas cidades dos EUA com incentivos

  1. , Virgínia

  • Oferece: US$ 20 mil em incentivos
  • Vale para: pessoas em trabalho remoto em empresas não sediadas no estado.

2. , Nova York 

  • Oferece: US$ 19 mil em incentivos
  • Vale para: pessoas em trabalho remoto que moram a mais de 480 quilômetros da cidade e têm visto para trabalhar nos EUA.

3. , Michigan 

  • Oferece: US$ 15 mil
  • Vale para: trabalhadores em operação remota que tenham empregador fora do estado.

4., Indiana 

  • Oferece: US$ 15 mil em incentivos – inclui espaço de coworking, associação ao clube de golfe local e bolsa de saúde e bem-estar.
  • Vale para: adultos qualificados a trabalhar nos EUA.

5. , Minnesota 

  • Oferece: US$ 12 mil em descontos para comprar ou reformar imóvel
  • Vale para: qualquer comprador de imóveis interessado.

6. , Illinois

  • Oferece: US$ 11,4 mil – incluindo cobertura para despesas da mudança, associação em espaço de coworking, seis meses de internet gratuita e descontos em lojas locais.
  • Vale para: pessoas com renda familiar acima de US$ 45 mil.

7. , Kansas 

  • Oferece: US$ 11 mil a 15 mil – a depender se vai comprar ou alugar a casa.
  • Vale para: funcionários em trabalho remoto legalizados para trabalhar nos EUA.

É para qualquer um? Obviamente não

Os EUA não estão entre os países mais receptivos a migrantes. Há relatos preocupantes de detenção de milhares na fronteira com o México. Washington, inclusive, ordenou a construção de um muro entre seu território e o país latino em 2018. 

Em 2021, o presidente Joe Biden encerrou a obra – mas os EUA continuam prendendo quem tenta atravessar a fronteira ilegalmente. Além disso, quem já tentou um visto para entrar no país sabe quão oneroso (e cansativo) é o processo. 

Por isso, a receptividade das cidades pequenas não serve para todos. Na maioria dos editais abertos, a regra é clara: só entram adultos (acima de 21 anos) aptos a trabalhar no país. Ou seja, é preciso ter um visto de trabalho permanente ou… ser americano. 

O visto é impossível? Não. Mas é preciso enfrentar uma boa dose de burocracia: o visto de trabalho mais longo é para o cargo de especialista, em que o profissional pode ficar até 3 anos nos EUA. 

Outro visto é para trabalhos que requerem qualificação ou não-qualificação. Este precisa ser solicitado ao Departamento de Trabalho, que direciona para regiões com escassez de mão de obra naquele setor. Outra opção é o Green Card, que pode demorar até 5 anos para ser emitido e depende de uma série de questões bem pontuais. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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