Chuvas extremas no Sul do Brasil têm aumentado desde 1950, aponta estudo
Texto: Elton Alisson | Agência FAPESP
A região Sul do Brasil vem apresentando, desde 1950, tendência de aumento de extremos de chuvas, como as que têm atingido os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.Os resultados do trabalho, pela FAPESP no âmbito do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC), foram detalhados em artigo na revista Earth and Space Science.
“As observações feitas por meio desse estudo apontam para uma tendência de aumento na frequência e na magnitude de extremos de precipitação, deflagradores de processos geo-hidrológicos, como inundações, particularmente na região Sudeste da América do Sul – que inclui o Sul do Brasil”, afirmou , pesquisador do Cemaden e um dos autores do estudo, durante evento promovido pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP) na terça-feira (21/05) para discutir as lições do evento climático extremo no Rio Grande do Sul.
Projeções
Em outro estudo, em 2021 na revista Frontiers in Climate, os pesquisadores do Cemaden, em colaboração com colegas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Met Office e da Universidade de Exeter (Reino Unido), fizeram simulações de chuvas extremas e de riscos de desastres hidrogeometerológicos no Brasil em um cenário de aquecimento da atmosfera entre 1,5º C e 4º C.
As projeções indicaram que esses diferentes níveis de aquecimento provocam uma mudança considerável em relação às chuvas no país, resultando em um aumento do risco de deslizamento e de inundações repentinas. As principais regiões indicadas no estudo como as que serão mais afetadas por esses eventos no Brasil estão localizadas na região Sul do país, nos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. A cidade de Porto Alegre e o Vale do Jataí foram apontados como as duas localidades mais críticas na análise de riscos relacionados a inundações. O resultados foram corroborados por projeções climáticas para a América do Sul reportadas nos últimos relatórios publicados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que indicam que o aumento entre 1,5º C e 5,5º C da temperatura no sudeste da América do Sul, projetado para até o fim do século 21, causará um aumento de enxurradas e deslizamentos de terra especialmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. “É preciso maior prevenção e melhora na preparação para essas chuvas intensas, que vão continuar aumentando. Por isso, é preciso pensar em como proteger a população vulnerável e as propriedades expostas aos riscos”, avaliou Marengo.O artigo Observed global changes in sector-relevant climate extremes indices – an extension to HadEX3 pode ser lido em: .
E o artigo Extreme rainfall and hydro-geo-meteorological disaster risk in 1.5, 2.0 and 4.0º C global warming scenarios: an analysis for Brazil pode ser acessado em: .