Chove muito mais no hemisfério sul que no norte; estudo explica o motivo

Maior incidência de tempestades no hemisfério sul tem relação com correntes oceânicas e volume de montanhas, afirmam pesquisadores
Chove muito mais no hemisfério sul que no norte; estudo explica o motivo
Imagem: Josep Castells/Unsplash/Reprodução

Tempestades são 24% mais comuns no hemisfério sul em comparação ao hemisfério norte – e existe um motivo para isso. 

Um publicado na quinta-feira (5) pelas Universidades de Washington e Chicago, dos EUA, mostrou que essa divisão desigual tem a ver, principalmente, com a altura das montanhas e circulação de ar nos oceanos

Na pesquisa, uma equipe de cientistas executou uma série de modelos climáticos. Eles observaram como as mudanças variáveis, como topografia e correntes oceânicas, tinham impacto no número de tempestades criadas ao longo do ano. 

A cada vez, os pesquisadores mudaram uma parte dos modelos climáticos. Quanto ignoraram as montanhas dos hemisférios norte e sul, metade da diferença de tempestades desapareceu. 

Foi então que os cientistas frearam a grande cinta transportadora global de correntes oceânicas. Esse movimento nasce quando a água quente esfria e afunda no Ártico, flui para o sul e sobe com o impulso dos ventos da Antártica.

Aí veio a surpresa: sem as correntes e as montanhas, os níveis de tempestades nos dois hemisférios ficaram alinhados. 

Frequência de tempestades aumentou 

As mais recentes indicam que a frequência das tempestades tem aumentado no hemisfério sul desde a década de 1980, quando chegaram as primeiras análises de satélite em tempo real. 

Enquanto isso, o índice continuou quase que inalterado no hemisfério norte. Uma hipótese é que isso tenha influência das mudanças nas correntes provocadas por alterações atmosféricas e nas temperaturas do oceano. 

Essas transformações estão acontecendo em todo o mundo, mas no norte têm uma certa “compensação”. O motivo: por lá, há mais perda de neve e gelo marinho, além de uma maior absorção da luz solar, dizem os pesquisadores. 

“Estima-se que o hemisfério sul se torne mais tempestuoso, enquanto as mudanças nas tempestades no hemisfério norte são silenciadas devido a um cabo de guerra entre as mudanças climáticas tropicais e polares”, diz o estudo. 

Estabelecer essa base de entendimento é essencial para aumentar a confiança sobre as projeções de mudanças climáticas, disse Tiffany Shaw, líder da pesquisa e cientista climática da Universidade de Chicago. “Assim, ajudamos a sociedade a se preparar melhor para os impactos dessas transformações”, pontuou. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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