Se te contassem que a China enviou uma sonda à Lua recentemente, você acreditaria? Pois foi exatamente isso o que aconteceu: de uma maneira bastante discreta, a mídia oficial chinesa confirmou na última segunda-feira (23) o lançamento de uma nave não-tripulada ao satélite natural do nosso planeta. O objetivo é coletar rochas e amostras do solo lunar para estudá-las aqui na Terra.
Todo o evento foi transmitido online e está disponível no YouTube — o país não costuma anunciar quando realiza essas operações. A decolagem aconteceu como estava prevista, por volta das 17h25 no horário de Brasília, a partir do centro de lançamento espacial Wenchang, na ilha de Hainan, no extremo sul do país. Tudo correu bem, não houve imprevistos, e o foguete deve chegar à Lua ainda no final de novembro.
O que torna esta missão especial é que se trata da primeira vez desde a década de 1970 que um país vai à Lua para coletar amostras do satélite. Além disso, a China é o terceiro país do mundo a realizar esse tipo de missão e se junta aos Estados Unidos, que enviou o programa Apollo entre os anos de 1969 e 1972, e União Soviética, em 1976.
Batizada de Chang’e 5, em homenagem a uma deusa da Lua na mitologia chinesa, a espaçonave se separou de seus propulsores e da carcaça protetora logo após a decolagem para entrar na órbita de transferência entre a Terra e a Lua.
Segundo a Administração Espacial Nacional da China (CNSA), a espaçonave é composta por um orbitador, um módulo de pouso, um ascensor e um retornador. O orbitador trabalhará em conjunto com o retornador: os dois vão orbitar a Lua, ficando no espaço a cerca de 200 km da superfície do satélite da Terra. Enquanto isso, o modulador e o ascensor descerão até o solo para coletar as amostras.
Preparativos da nave que está levando a sonda para a Lua. A foto é do dia 17 de novembro. Imagem: CNSA
A sonda pousará em uma planície nunca antes visitada, conhecida como Oceanus Procellarum (“Oceano de Tempestades”, na tradução livre). De acordo com a NASA, trata-se de uma gigantesca mancha escura com 2.900 km de largura. Acredita-se que essa marca pode ter sido resultado de um impacto cósmico de grandes proporções que criou um antigo mar de magma no nosso satélite.
Ao chegar na planície, o robô vai implantar um par de veículos para perfurar o solo e coletar cerca de 2 kg de amostras do terreno e das rochas. Todo o procedimento deve durar 48 horas, quando as amostras ficarão armazenadas em um recipiente dentro da espaçonave e vão iniciar seu retorno à Terra. A previsão é que a sonda chegue ao planeta no início de dezembro, pousando em Siziwang, no norte da China, e que os materiais fiquem guardados no Observatório Astronômico Nacional da Academia Chinesa de Ciências, em Pequim.
Os cientistas querem estudar as amostras para entender melhor as origens e fundações da Lua, respondendo perguntas como por quanto tempo houve atividade vulcânica em seu interior e quando seu campo magnético se dissipou. Segundo Peng Jing, vice-projetista-chefe da sonda, a ideia é que essas pesquisas ajudem no desenvolvimento de técnicas mais complexas de exploração, que por sua vez poderão ser usadas em futuras explorações a Marte, asteroides e outros corpos celestes.
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