Cientistas espaciais chineses propuseram recentemente um plano para que o país construa um sistema de recursos espaciais que abranja o Sistema Solar até 2100. A ideia é explorar, minerar e usar economicamente gelo de água e recursos minerais de todo o espaço.
O roteiro preliminar foi apresentado por Wang Wei em uma reunião da CSA (Sociedade Chinesa de Astronáutica) em Pequim no dia 19 de agosto. Wei é cientista-chefe da CASC (China Aerospace Science and Technology Corporation).
Segundo ele, o plano envolve o uso de regiões gravitacionalmente equilibradas entre corpos celestes – como planetas, a Lua e o Sol – como pontos de expansão. As estratégias delineadas seguem um passo a passo com metas para 2035, 2050, 2075 e 2100.
O projeto não é a única ambição chinesa sobre recursos espaciais. Nos últimos anos, o oficial sênior da CASC fez apelos para estabelecer uma “zona econômica espacial” entre a Terra e a lua. A ideia é que ela seja capaz de gerar US$ 10 trilhões por ano para a China até 2050.
O roteiro chinês de exploração do Sistema Solar
O plano de mineração do Sistema Solar se chama Tiangong Kaiwu e recebe o nome do trabalho do cientista da dinastia Ming, Song Yingxing, “A Exploração das Obras da Natureza”.
Nele, cientistas chineses propõem o desenvolvimento de recursos minerais estratégicos, a criação de transporte de baixo custo e o estabelecimento de um sistema de desenvolvimento de recursos espaciais.
Além disso, o projeto inclui a construção de instalações para usar gelo de água na lua e em asteroides próximos da Terra, de Marte, em asteroides do cinturão principal e nas luas de Júpiter.
A ideia é formar um sistema de ressuprimento em todo o Sistema Solar. Por isso, tais instalações poderiam ser colocadas em pontos gravitacionalmente estáveis de Lagrange 1 e 2 entre a Terra e a Lua. E também nos pontos entre o sol e cada um dos planetas.
Em geral, Tiangong Kaiwu exigiria uma infraestrutura de recursos massivos, incluindo estações de abastecimento, rotas de transporte, estações de mineração e processamento.
Por enquanto, uma proposta
O roteiro de exploração espacial ainda é uma proposta, não um plano governamental aprovado. Além disso, o projeto ainda não estabeleceu orçamentos, viabilidade tecnológica e econômica. Também não abordou questões legais relacionadas ao Tratado do Espaço Sideral e ao uso de recursos.
Contudo, Wang e sua equipe têm examinado as tecnologias-chave envolvidas no melhor uso de recursos do espaço há três anos. A proposta como um todo já indica qual o pensamento futuro das explorações espaciais da China.
“Assim como os milagres criados na grande era da navegação, uma ‘grande era espacial’ com o uso de recursos espaciais criará os próximos milagres na história humana e trará nova prosperidade para nossa civilização”, disse Wang, segundo o .
Próximos passo concretos
Por enquanto, há outros passos mais seguros que a China pretende dar. O país planeja lançar em 2025 sua sonda robótica Tianwen-2, que tem como objetivo coletar amostras de um asteroide chamado 2016 HO3 e trazê-las à Terra.
Em 2026, a nave espacial Chang’e-7 da China deverá pousar no polo sul daLlua para procurar gelo de água. Se encontrado, a ideia é purificá-lo como é feito com a água potável, para então convertê-lo em oxigênio.
Se der certo, o plano é usar o O2 como combustível para garantir que astronautas permaneçam mais tempo no espaço.