O governo da China aprovou oficialmente o envio de três novas sondas robóticas para a Lua. Essas missões fazem parte de um plano de longo prazo que prevê a construção de uma base de pesquisa em solo lunar.
A nova fase do programa chinês de exploração da Lua inclui o lançamento das sondas Chang’e 6, Chang’e 7 e Chang’e 8, nos próximos dez anos. Porém, ainda não há um cronograma claro sobre quando essas missões vão decolar.
Segundo Liu Jizhong, diretor do Centro de Exploração Lunar e Programa Espacial da CNSA – a agência espacial chinesa –, a Chang’e 6 está quase pronta. Assim como a Chang’e 5, a próxima missão chinesa na Lua envolve recolher amostras da superfície e trazê-las para a Terra.
No caso da Chang’e 7, o objetivo é estudar o Polo Sul da Lua, recolhendo informações que serão úteis na construção de uma estrutura básica da base de pesquisa. Já a Chang’e 8 deve testar tecnologias de impressão 3D e o uso de recursos lunares.
Jizhong reconhece que explorar a Lua é difícil, e que ainda existem muitos problemas tecnológicos a serem resolvidos. “No entanto, tendo como base a equipe excelente que construímos, acredito que teremos sucesso”, disse o diretor à .
O programa Chang’e
Nos últimos anos, os chineses vêm desenvolvendo um promissor programa de exploração robótica da Lua, por meio das missões Chang’e – nome da deusa chinesa da Lua. O programa teve início em 2004, e atingiu o seu primeiro grande feito em 2007, quando a Chang’e 1 entrou com sucesso em órbita lunar.
Desde então, outros marcos importantes foram conquistados, como o primeiro pouso suave e o envio de um rover na superfície lunar, em 2013, com a missão Chang’e 3; e o pouso de uma sonda no lado oculto da Lua, em 2018, com a Chang’e 4.
Em 2020, a sonda Chang’e 5 viajou até a Lua e retornou para a Terra com 1.731 gramas de amostras da superfície. Foi a partir do estudo dessas amostras que os chineses anunciaram recentemente que descobriram um novo mineral na Lua.
Inicialmente, a Chang’e 6 foi construída como sendo uma missão de backup da Chang’e 5. Porém, a China quer aproveitar o hardware para recolher amostras do lado oculto da Lua. A expectativa é que a missão seja lançada entre 2023 e 2024.
A nova corrida espacial entre China e EUA
Assim como os americanos, os chineses também têm interesse em enviar humanos para a Lua, assim como implantar uma .
Em parceria com a Rússia, os chineses pretendem construir na próxima década a ILRS (sigla em inglês para “Estação Internacional de Pesquisa Lunar”), que inclui uma estação espacial em órbita da Lua, uma base na superfície, além de ter o apoio de robôs e rovers inteligentes.
O objetivo é estudar a topografia, morfologia, química, geologia e estrutura interna da Lua, bem como servir de base de apoio para a exploração espacial do espaço profundo, realizada pela China e Rússia, bem como outros países que tiverem interesse nessa parceria.
A base chinesa-russa deve ser construída no Polo Sul da Lua – a mesma região em que a NASA pretende construir suas estruturas. O local é visado por conta da disponibilidade de recursos naturais, principalmente a expectativa da existência de grandes reservas de gelo de água.
Apesar de os chineses não considerarem o seu programa como parte de uma nova “corrida espacial”, o atual administrador da NASA, Bill Nelson, ventila um clima de disputa entre as duas potências espaciais.
Nelson, inclusive, chegou a dizer que está “preocupado” que os chineses “ocupem a Lua”. Entretanto, se o cronograma do programa Artemis for cumprido, astronautas americanos devem desembarcar em solo lunar por volta de 2025, cerca de cinco anos antes dos chineses.