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Chegada do El Niño pode dobrar o preço do café, chocolate e açúcar

Frentes frias e excesso de chuvas em regiões produtoras podem desestabilizar a produção em diversos países. Brasil e Vietnã podem ter produção de café afetada

Chegada do El Niño pode dobrar o preço do café, chocolate e açúcar

Imagem: Rodrigo Flores/Unsplash/Reprodução

A aproximação do fenômeno climático El Niño já pressiona os preços do café, chocolate, banana e açúcar. Previsões econômicas estimam que esses produtos fiquem mais caros até o final do ano – muitos até podem dobrar de valor. 

Um levantamento internacional da agência mostrou que o preço da variedade de café robusta saltou para o maior valor em 15 anos nesta semana. Outros produtos, como banana, cana de açúcar e cacau, também vão custar mais. 

O motivo é a redução na oferta e as preocupações com a produção futura. No El Niño, as águas do Pacífico ficam mais quentes, o que altera os padrões climáticos no mundo. Países tropicais são especialmente afetados, como é o caso do Brasil e Vietnã – os dois maiores produtores de café do mundo. 

A previsão é que o El Niño tenha uma intensidade de moderada a forte a partir do segundo semestre de 2023. Na última ocorrência do fenômeno, em 2015 e 2016, a produção de café robusta no Brasil caiu 40%. 

Isso porque o El Niño reduz o nível de chuvas na Amazônia e aumenta a precipitação no sul do país, causando um excesso de chuva na primavera e verão, quando os grãos estão em desenvolvimento. Ao mesmo tempo, países da Ásia, como Índia e Vietnã, enfrentam o aumento nas temperaturas e longos períodos de seca, o que também é prejudicial ao cultivo. 

Efeitos do El Niño na produção brasileira 

Em um cenário onde as temperaturas já estão mais altas por causa das mudanças climáticas, o aquecimento das águas oceânicas não é um bom sinal para a safra pois representa alterações bruscas e extremas no clima. 

Como consequência, o excesso de chuvas ou o clima mais quente prejudica o desenvolvimento e, por isso, interfere diretamente na qualidade e rendimento dos frutos. No Brasil, por exemplo, o El Niño tende a causar mais chuvas na região sudeste, que é a maior produtora de café do país. 

Essa água em demasia sobrecarrega a capacidade do solo reter água e inunda plantações, o que abre espaço para a temida floração irregular. Se isso acontece, as cerejas do café não amadurecem de maneira uniforme, o que é associado a lotes de qualidade inferior. 

A partir daí, é um efeito dominó. O produto entra no mercado global com um preço alto, por causa da baixa oferta e alta demanda, mas com qualidade menor. Algo parecido acontece com outras culturas, como o cacau, que é um fruto extremamente sensível ao clima. 

Mesmo a cana de açúcar, que é um pouco mais resistente, pode perecer ante o excesso de chuvas. A banana, por sua vez, é mais sensível às frentes frias – uma realidade no El Niño. Se a planta está em um local com temperatura abaixo de 15ºC, ela paralisa o desenvolvimento dos frutos. 

Como esses alimentos têm alta valia nas balanças internacionais, é possível que os preços cresçam lá fora – e no mercado interno também. 

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