Ciência

​​Chave para retardar envelhecimento pode estar nos neurônios

Cientistas encontraram ligação entre neurônios e ciclo que gera energia para o corpo; intervenções no sistema prolongaram vida de ratos
Imagem: cottonbro studio/ Unsplash/ Reprodução

A chave para uma vida longa e saudável parece estar mais próxima do que se imagina. Ao menos, é o que indica um novo estudo feito por pesquisadores da Universidade de Washington. Em artigo publicado na revista , eles descrevem como a interferência em um ciclo coordenado por neurônios do hipotálamo conseguiu retardar o envelhecimento em camundongos. 

Entenda o contexto

Em geral, existem conexões entre partes do organismo que garantem seu bom funcionamento. Elas são chamadas de linhas de comunicação e, quando abertas, ligam órgãos – especialmente o cérebro a outros sistemas.

Mas, conforme uma pessoa envelhece, essas linhas de comunicação se deterioram. Como resultado, os órgãos não recebem as mensagens moleculares e elétricas necessárias para funcionar corretamente.

O que descobriu a nova pesquisa

Segundo o artigo, há um conjunto de neurônios do hipotálamo que se ligam às células de gordura para coordenar a liberação de energia para o corpo. Para isso, produz uma proteína chamada Ppp1r17, que envia sinais para o organismo.

Como retorno, o tecido adiposo ativado libera uma enzima chamada eNAMPT, que retorna ao hipotálamo e permite ao cérebro produzir combustível para suas funções. A esse tipo de comunicação, eles dão o nome de ciclo de feedback.

No entanto, com o envelhecimento, a proteína Ppp1r17 tende a sair do núcleo dos neurônios. Quando isso acontece, os neurônios no hipotálamo enviam sinais mais fracos. Isso leva ao acúmulo de gordura, ganho de peso e faz a pessoa ter menos energia para alimentar o cérebro – e também outros órgãos.

Mecanismo para prolongar a vida

Na pesquisa, os cientistas descobriram que algumas alterações genéticas nesse ciclo de feedback pode retardar esse processo. Eles testaram o método em ratos de laboratório e obtiveram resultados que confirmam a teoria.

Em média, a expectativa de vida desses animais é cerca de 2,5 anos. Esse destino se cumpriu para os camundongos que envelheceram normalmente. Mas aqueles que passaram por intervenções para manter o ciclo de feedback entre neurônios e o tecido adiposo tiveram uma vida maior.

No total, eles viveram de 60 a 70 dias a mais – o que consiste em um aumento na expectativa de vida de cerca de 7%. Além disso, pesquisadores também descreveram esses animais como mais ativos e com pêlos mais brilhantes para a idade.

“Demonstramos uma maneira de retardar o envelhecimento e estender os períodos de vida saudável em camundongos manipulando uma parte importante do cérebro”, disse o autor do estudo, Shin-ichiro Imai.

Segundo os cientistas, mostrar essa ligação em mamíferos é importante. Até então, pesquisas anteriores haviam demonstrado a extensão da vida útil apenas em organismos menos complexos, como vermes e moscas-das-frutas.

Na idade cronológica humana, essa porcentagem de aumento seria mais significativa. Por exemplo, uma pessoa com 75 poderia ter aproximadamente cinco anos de vida a mais.

Agora, os pesquisadores estão estudando a possibilidade de suplementar ratos de laboratório com a enzima eNAMPT para ver se há algum efeito no aumento da expectativa de vida.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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