Ciência

Cérebros de macacos sangraram após usar chips da Neuralink, diz documento

Registros provam que Elon Musk mentiu e acrescentam provas ao debate sobre o uso de animais vivos em testes da Neurolink
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

Documentos divulgados pela indicam que os macacos usados pela sofreram danos com o implante de um chip no cérebro e foram sacrificados. Segundo o registro, os animais sofreram várias complicações, como diarreia com sangue, paralisia parcial e edema cerebral.

A Neuralink é uma das empresas de Elon Musk e tem como objetivo conectar o cérebro humano com computadores. A ideia do bilionário é monitorar a atividade de milhares de neurônios, permitindo o download das informações em um dispositivo.

Com a tecnologia, pretende encontrar tratamento para condições como a cegueira e a paralisia cerebral, além de alcançar a telepatia humana.

Para isso, a empresa desenvolveu um chip ICC (Interface Cérebro-Computador) que iniciou seus testes em macacos há alguns anos.

O que o documento revela

Segundo a Wired, o documento mostra que um macaco macho foi sacrificado entre 2019 e 2020. O motivo: o chip implantado em seu cérebro se soltou.

Além desse, o outro macaco também apresentou problemas com o chip. De acordo com o registro, o chamado Animal 15 “começou a pressionar a cabeça contra o chão sem motivo aparente” dias após receber o implante.

Depois, ele perdeu a coordenação. Além disso, a equipe percebeu que o macaco tremia assim que via os trabalhadores do laboratório. Sua condição piorou por meses até que a equipe finalmente a sacrificou. 

No relatório de necropsia, pesquisadores relatam que o Animal 15 teve hemorragia no cérebro e que os implantes da Neuralink deixaram partes de seu córtex cerebral desgastadas.

Entenda o contexto

Os documentos foram obtidos pelo Comitê de Médicos pela Medicina Responsável (PCRM), que é uma organização estadunidense sem fins lucrativos que defende a não utilização de animais vivos em testes. 

O PCRM processou a Universidade da California Davis para obter os documentos, que agora se tornaram públicos. Além disso, o comitê também apresentou uma queixa ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) alegando que as práticas da Neuralink violam a Lei de Bem-Estar Animal.

Cérebros de macacos sangraram após usar chips da Neuralink, diz documento(Imagem: Neuralink/ Reprodução)

Esta não é a única acusação que a Neuralink está enfrentando. Ela também é investigada pelo Departamento de Transporte dos EUA sob denúncia de transporte ilegal dos chips contaminados que removeram dos cérebros dos macacos.

Recentemente, antes da divulgação dos documentos, Elon Musk se pronunciou dizendo que “nenhum macaco morreu como resultado de um implante da Neuralink”. 

Além disso, frente às reclamações de uso de animais vivos para testes, o bilionário alegou que os macacos que receberam o implante cerebral eram animais já próximos da morte. Contudo, um ex-funcionário da empresa relatou à Wired que a afirmação é falsa.

Testes em humanos

Na última terça-feira (19), a Neuralink anunciou o início de testes com implantes de chips cerebrais em . A empresa recebeu em maio a aprovação para os experimentos da FDA (Food and Drug Administration), agência estadunidense que equivale à Anvisa.

Como primeiros voluntários para um ensaio clínico de seis anos, a Neuralink busca pessoas com quadriplegia causada por lesões vertebro-medulares ou por esclerose lateral amiotrófica (ELA).

O Estudo PRIME pretende pesquisar três coisas. A primeira é o implante do N1, o dispositivo cérebro-computador. A segunda é o aplicativo do usuário N1, o software que se conecta ao N1 e traduz os sinais cerebrais em ações no computador.

E, por fim, o estudo busca testar o robô R1, o robô cirúrgico que realmente implanta o dispositivo.

Pesquisadores já testam há muito tempo implantes que permitem que pessoas com paralisia controlem computadores e outros dispositivos. No entanto, as polêmicas envolvendo a empresa de Elon Musk causam alarde em todo o mundo.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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