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Celular em sala de aula: em relatório, Unesco lista riscos para os alunos

De acordo com pesquisa da entidade, quase dois em cada três professores consideram como negativo o uso excessivo de celulares em sala de aula

Celular em sala de aula: em relatório, Unesco lista riscos para os alunos

Imagem: Robo Wunderkind/Unsplash/Reprodução

Um em cada quatro países do mundo proíbe ou impõe regras para o uso do celular em sala de aula. É o que mostra um , divulgado nesta quarta-feira (26). Neste ano, o tema do Relatório Global de Monitoramento da Educação tem foco no uso de tecnologia nas escolas, pela primeira vez.

Intitulado “A tecnologia na educação, uma ferramenta a serviço de quem?”, o documento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura aponta os impactos do smartphone na aprendizagem e na concentração dos estudantes.

De acordo com a pesquisa, quase dois em cada três professores concordam que o uso excessivo de celulares em salas de aula distrai os alunos, resultando na redução do desempenho educacional. O mesmo acontece com outros dispositivos, como computadores e tablets.

“Precisamos aprender com nossos erros do passado ao usar a tecnologia na educação para que não se repitam no futuro. Precisamos ensinar as crianças a conviver com e sem tecnologia; tirar o que precisa da abundância de informações, mas ignorar o que não é necessário; deixar que a tecnologia apoie, mas nunca ofusque as interações humanas no ensino e na aprendizagem”, disse Manos Antoninis, que é diretor do relatório desde 2017.

Celulares banidos

A Finlândia e a Holanda estão entre os países que proibiram recentemente o uso de celulares em sala de aula. Além disso, os smartphones foram banidos total ou parcialmente na Espanha, Suíça, Portugal, México, Letônia, Estados Unidos, Escócia e em províncias do Canadá.

“As notificações recebidas ou a mera proximidade do celular podem ser uma distração, fazendo com que os alunos percam a atenção da tarefa. O uso de smartphones nas salas de aula leva os alunos a se envolverem em atividades não relacionadas à escola, o que afeta a memória e a compreensão”, diz o relatório.

Na França, por exemplo, não há proibição, mas há políticas para regular o uso. O aparelho pode ser utilizado por alguns grupos de alunos, como pessoas com deficiência, ou quando está claro o uso pedagógico. Por outro lado, países africanos e asiáticos são os que mais têm leis sobre o assunto, como Uzbequistão, Guiné e Burkina Faso.

Em Bangladesh, nem os professores podem usar o dispositivo nas aulas. No Brasil, não há lei que proíba o uso de celulares, embora as escolas particulares tenham suas regras sobre o uso do aparelho.

O relatório menciona uma meta-análise de pesquisas sobre a relação entre o uso de telefones celulares pelos alunos e os resultados educacionais. O trabalho foi feito com alunos desde a pré-escola até o ensino superior, em 14 países. O resultado mostra efeitos negativos, com maior impacto no nível universitário.

Agravamento nas desigualdades

A Unesco ainda destaca que a desigualdade no acesso à tecnologia também pode agravar a desigualdade no acesso à educação, e não mitigar o problema — ao contrário do que muitos pensam. De acordo com a organização, a digitalização da educação apresenta o risco de beneficiar estudantes já privilegiados e marginalizar ainda mais outros.

Com o fechamento das escolas durante a pandemia da Covid-19, muitos especialistas constataram esse problema e manifestaram preocupação. Além disso, a Unesco aponta que a tecnologia está se desenvolvendo tão rápido que os educadores estão precisando correr contra o tempo para fundamentar decisões sobre legislação, políticas e regulamentação.

O uso do serviço também exige preparação e treinamento adequado dos docentes. Isso é um grande desafio para muitos países, inclusive o Brasil.

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