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Caso brasileiro revela problemas do YouTube em lidar com pedofilia

Pesquisadores estudavam influência do YouTube no Brasil quando perceberam que o algoritmo da plataforma direcionava pedófilos a vídeos de crianças.

Crédito: YouTube/Pexels/Gizmodo

O algoritmo de recomendação do YouTube tem incentivado pedófilos a assistir vídeos que famílias publicam mostrando seus filhos brincando.

Uma matéria do  detalhou como o YouTube tem explorado menores através deste sistema automatizado. Segundo o Times, pesquisadores do Berkman Klein Center for Internet and Society, de Harvard, estavam estudando a influência do YouTube aqui no Brasil quando perceberam o efeito alarmante. O experimento da equipe envolveu um servidor que seguiu as recomendações do YouTube milhares de vezes, criando uma espécie de mapa no processo, que mostrou como a plataforma orienta os usuários.

Enquanto o experimento seguia os caminhos de recomendações decorrentes de vídeos com temas sexuais, os pesquisadores notaram que o sistema apresentava vídeos “cada vez mais bizarros ou extremos, dando maior ênfase à jovens”, segundo o Times. “Vídeos de mulheres discutindo sexo, por exemplo, às vezes levavam a vídeos de mulheres em roupa íntima ou amamentando, às vezes mencionando suas idades: 19, 18 e até 16 anos”.

À medida que o experimento se aprofundava nas recomendações, os pesquisadores perceberam que o YouTube começou a sugerir vídeos de adultos vestindo roupas infantis e solicitando pagamentos de “sugar daddies”.

Depois dessas recomendações, o YouTube mostrou vídeos reais de “crianças parcialmente vestidas”, muitas delas localizadas no Leste Europeu e na América Latina, de acordo com o Times.

Esses conteúdos muitas vezes pareciam ser vídeos familiares publicados pelos pais, que possivelmente queriam compartilhar imagens de seus filhos com amigos e parentes. Mas, como o Times sugere, o algoritmo do YouTube pode ter aprendido com pessoas com transtorno psicológico que enxergam crianças de forma sexual e direcionam esses espectadores para os vídeos de famílias.

O Times entrevistou a mãe de uma criança brasileira de 10 anos, que mora em um subúrbio do Rio de Janeiro, que postou um vídeo de si mesma e de uma amiga brincando em uma piscina. Dentro de alguns dias, o vídeo foi visualizado 400 mil vezes.

A mãe, Christine C. (sobrenome não revelado por questões de privacidade), disse ao Times que quando sua filha foi, animada, mostrar a repercussão do vídeo, ela “ficou assustada com a quantidade de visualizações”.

De acordo com o Times, esse incidente foi revelado após o YouTube ter sido obrigado a enfrentar publicamente os problemas de pedofilia no início deste ano. Em fevereiro, a plataforma desativou comentários em diversos vídeos de menores após relatos de que  em vídeos de crianças como um sinal para outros assediadores.

Embora os estudos tenham mostrado que o sistema de recomendação do YouTube possa criar um “efeito toca de coelho”, através do qual o algoritmo recomenda conteúdos cada vez mais extremos, a empresa evitou a questão ou negou que seja verdade.

Em maio,  disse ao Times: “Não é que conteúdos ‘extremos’ geram mais engajamento ou maior tempo de exibição do que outros tipos de conteúdo”. Em abril, a empresa reforçou seu posicionamento ao responder a uma investigação da Bloomberg alegando que “geralmente conteúdos extremos não têm um bom desempenho na plataforma”.

O YouTube não respondeu ao pedido do Gizmodo para comentar se a empresa mantém o argumento de que o sistema de recomendação não cria um efeito toca de coelho. Em vez disso, a empresa direcionou o Gizmodo a um na segunda-feira (3) sobre os seus “esforços para proteger menores” após a matéria do Times sobre vídeos que “não violam nossas políticas e são inocentemente publicados”.

O anúncio destacou os recentes passos do YouTube para desativar comentários em vídeos com menores de idade; restringir menores de gravarem livestreams, a menos que sejam feitos com um adulto claramente presente; e reduzir as recomendações de vídeos que mostram “menores em situações de risco”.

Segundo o YouTube, a empresa recentemente aprimorou seu mecanismo de machine learning para “identificar melhor os vídeos que podem colocar menores em risco”.

De acordo com o Times, os pesquisadores afirmam que impedir que vídeos de crianças sejam usados ​​no sistema de recomendação seria a melhor maneira de proteger as crianças. Mas o YouTube disse ao Times que não tem planos de fazer isso tão cedo, já que o sistema automatizado é o maior gerador de tráfego, e a medida prejudicaria os criadores de conteúdo.

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