A proposta de proibição da carne de cachorro na Coreia do Sul está sendo alvo de forte oposição dos criadores de cães na capital Seul. Na última quinta-feira (30), cerca de 200 pessoas protestaram contra a nova lei na capital sul-coreana. Eles tentaram liberar 100 animais nas ruas, mas foram impedidos pela polícia.
No entanto, na semana passada, a Associação Coreana de Produtores de Carne de Cachorro revelou estar considerando soltar dois milhões de cachorros na cidade. Em entrevista a um programa de rádio (via ), o chefe da organização, Joo Young-bong, disse que a lista de locais-alvo conta com o gabinete presidencial, a casa do ministro da agricultura e os escritórios de legisladores que apoiam a proibição.
Anunciado em novembro deste ano, o projeto de lei visa acabar com o comércio de carne de cachorro na Coreia do Sul até 2027. Sendo assim, fazendas de cães, açougues, varejistas e restaurantes teriam que eliminar gradualmente a carne de cachorro nos próximos anos. Além disso, eles teriam ajuda financeira do governo para saírem do comércio. A infração da lei resultaria em pena máxima de cinco anos de prisão ou uma multa de 50 milhões de won (cerca de R$ 188 mil).
Para Joo, a solução para combater as questões de saúde pública e a crueldade na criação e no abate de cães é reconhecê-los como gado, obrigando os produtores a respeitar os padrões alimentares de segurança. Mas os ativistas de defesa dos animais discordam.
Tradição de carne de cachorro está se enfraquecendo na Coreia
O assunto gera debates entre criadores e ativistas na Coreia há anos. Os produtores de carne de cão argumentam que a proibição irá prejudicar suas fontes de renda e apagar a cultura do país. Segundo as autoridades, a Coreia do Sul tem mais de mil fazendas de criação e 34 matadouros, bem como cerca de 1.600 restaurantes que servem carne de cachorro. Entretanto, representantes da indústria afirmam que os números chegam a cerca do dobro disso.
A tradição coreana de comer carne de cachorro, que existe há séculos, é mantida quase exclusivamente por idosos atualmente, como forma de combater o calor no verão. Enquanto isso, os mais jovens têm adotado os animais como pets. Este ano, uma pesquisa Nielsen encomendada pela organização Humane Society International revelou que 86% dos sul-coreanos têm pouca intenção de consumir carne de cachorro. Além disso, 57% apoiam a proibição do consumo.
O legislador Han Jeoung-ae afirma que o consumo de carne de cachorro prejudica a expansão da cultura da Coreia do Sul internacionalmente. “Os estrangeiros pensam que a Coreia do Sul é uma potência cultural. Mas quanto mais a cultura [coreana] aumenta a sua posição internacional, maior é o choque que os estrangeiros experimentam em relação ao nosso consumo de carne de cão”, disse em junho.