Durante 2023, que já foi descrito como o ano mais quente da história, o relatório de clima e saúde The Lancet Countdown estima que cinco vezes mais pessoas devem morrer devido ao calor extremo nas próximas décadas. De acordo com o estudo, em 2022, o mundo enfrentou uma média de 86 dias de temperaturas potencialmente fatais.
Além disso, o número de pessoas acima dos 65 anos que morreram devido ao calor aumentou 85% entre 1991-2000 e 2013-2022.
Então, caso o mundo aqueça dois graus Celsius até ao final do século, estima-se que as mortes anuais relacionadas com o calor devem aumentar 4,7 vezes até 2050. Com isso, as secas poderão fazer com que cerca de mais 520 milhões de pessoas sofram de insegurança alimentar moderada ou grave até meados do século.
Além disso, mosquitos poderão se espalhar para mais longe, levando doenças infecciosas. E, assim, sobrecarregando os sistemas de saúde. A transmissão de dengue, por exemplo, aumentaria 36%. Atualmente, a Jamaica já enfrenta um surto da doença. Mudanças climáticas podem intensificar futuras epidemias (saiba mais no Giz Brasil).
A jamaicana Georgiana Gordon-Strachan, do Lancet Countdown, destaca: “As pessoas que vivem nos países mais pobres, que muitas vezes são menos responsáveis pelas emissões de gases com efeito de estufa, estão a suportar o peso dos impactos na saúde”.
Qual é o caminho para evitar o calor extremo?
Segundo o chefe da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, em uma conferência online de lançamento do Lancet Countdown, é imperativo para a saúde pública limitar o aquecimento à meta de 1,5 °C do acordo de Paris. Saiba como ele pode gerar 8 milhões de empregos no mundo até 2050.
No entanto, há boas notícias: o número de mortes ligadas à poluição atmosférica causada por combustíveis fósseis no mundo caiu 16 por cento desde 2005. Em contrapartida, o investimento global em energia verde aumentou 15% em 2022 – mais do que o 1 bilhão de dólares investidos em combustíveis fósseis.
Por fim, o texto chama a atenção para dietas com baixo teor de carbono. Elas podem evitar até 12 milhões de mortes por ano enquanto reduzem as emissões provenientes da produção de lacticínios e de carne vermelha em 57%.