Café mais caro: mudanças climáticas afetam o preço da bebida
O prejuízo das mudanças climáticas às futuras safras de café já estão tornando o café muito mais caro. No momento, os estoques globais do grão estão baixos, o que aumenta a volatilidade do mercado e a especulação, que faz o preço subir.
Frente a um cenário de diminuição da oferta e, possivelmente, ainda mais perdas, o valor do café pode subir ainda mais. No Vietnã, segundo maior produtor do grão, os preços de entrega de maio atingiram máximas de US$ 3.849 por tonelada.
Café no Brasil
O Brasil é o maior produtor de café do mundo, responsável por cerca de 40% da produção global. Contudo, embora o cultivo do grão no país tenha com relação aos anos anteriores, as projeções indicam que as lavouras de café brasileiro provavelmente serão as mais afetadas entre todos os produtores no mundo.
Os dados são parte da . Eles também sugerem que a quantidade de dias com temperatura acima de 34°C entre os meses de setembro e outubro vai aumentar até meados do século. Este é o período do ano mais crítico, pois é quando acontece a floração do café brasileiro. Além disso, o relatório estima que as chuvas vão diminuir em 10% até 2050.
Em geral, sugerem que a exposição a temperaturas acima de 30°C tendem a causar problemas no grão. Assim, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas estima que os rendimentos mundiais de café podem diminuir em um terço até 2050.
Nesse cenário de clima instável entre secas e enchentes, com altas temperaturas, ou as frutas secam ou se tornam os chamados flutuadores, que são grãos que consistem em cascas praticamente vazias.
“A planta não sabe como reagir. Ela quebra totalmente a sua sequência lógica. A planta tem flor, chumbinho [frutos em estágio inicial], café maturado, café seco, tudo ao mesmo tempo. Isso é um horror”, contou ao Mongabay o produtor de José Oscar Ferreira Cintra, cuja fazenda fica em Bragança Paulista, São Paulo.
Realidade brasileira
A região Sudeste, especialmente o estado de Minas Gerais, lidera a produção do grão. No total, as quatro unidades federativas juntas somaram do ano de 2023. Em média, só em território mineiro produz-se cerca de 25% da safra de café do país.
Mas essa região também tem enfrentado os , que intensificam e tornam mais frequentes os eventos climáticos. Apenas em 2024, o Sudeste foi afetado por quatro ondas de calor que atingiram o Brasil.
Com isso, as temperaturas subiram acima da média para o período. Partes do estado de Minas Gerais bateram nos termômetros em cerca de 3°C ou 4°C acima do comum. Além disso, as chuvas durante dezembro, janeiro e fevereiro – o período usual de maior precipitação – foi aproximadamente de 10% do normal.
De acordo com da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), as exportações de café brasileiro entre janeiro e novembro diminuíram 4,1% em comparação com o ano anterior.
Alternativas
No total, 78% da produção de café brasileiro é feita em pequenas fazendas, segundo o IBGE. Espalhadas pelo Brasil, cada região cafeeira tem suas particularidades e, com isso, sofre impacto das mudanças climáticas de uma forma, o que faz com que não exista solução única.
Contudo, duas estratégias se mostram importantes. Primeiramente, o uso de técnicas de irrigação, que permitem a rega das lavouras mesmo em períodos mais secos.
Em seguida, há também a possibilidade do plantio de árvores grandes entre as plantações. De acordo com , essa técnica permite o sombreamento dos grãos, o que reduz o estresse térmico dos cafezais.
Além disso, também pode aumentar a umidade do ar e auxiliar na contenção de ventos.