Na região amazônica, relatos de picadas de cobra são cinco vezes mais frequentes do que no restante do país. Pesquisadores do Instituto Butantan, em São Paulo, estão olhando para o problema. O grupo trabalha em para picada de cobra que ajudem a ampliar o acesso aos soros antiofídicos nesta região.
A equipe não pretende criar fórmulas do zero, mas sim identificar medicamentos já disponíveis no mercado que possam minimizar os efeitos do veneno. Assim, os pacientes que vivem em regiões remotas e com difícil acesso aos hospitais ganham tempo para chegar até as unidades de saúde e receber a aplicação do soro.
O ideal é que o paciente seja tratado em até seis horas após levar a picada. Esperar além disso pode levar à necrose da área afetada, amputação do membro e até a morte.
Os pesquisadores estão focados em inibidores usados para tratar intoxicação por metais pesados. O objetivo é bloquear a ação das metaloproteases – uma classe de toxinas abundante no veneno da jararaca –, que degradam a matriz extracelular e geram as hemorragias inflamações locais.
Agora, pense o seguinte: as metaloproteases carregam átomos de zinco e dependem dele para estarem ativas. Se você aplicar um medicamento capaz de remover o metal da enzima, a atividade é inibida. Esse é o plano.
O fármaco em questão pode ser recebido por via oral, o que facilita sua aplicação. Além disso, trata-se de uma droga que já passou por ensaios clínicos e tem mecanismos de ação e toxicidade conhecidos, o que permitirá aos cientistas agilizar o estudo e testá-la para a picada de cobra em humanos mais rápido.
O projeto conta com a parceria da Iniciativa Amazônia +10, que apoia pesquisas científicas sobre os problemas atuais da Amazônia. Além da nova terapia, a equipe também pretende desenvolver protocolos para que o soro antiofídico possa ser administrado com segurança em áreas remotas, já que hoje ele deve ser oferecido de maneira intravenosa por profissionais treinados e em unidades de saúde estruturadas.